O Retorno a Lorthel
A noite caía quando os aventureiros se aproximavam novamente das muralhas de Lorthel. O leão jovem, amarrado e enfurecido, rugia dentro da carroça improvisada. Cada rugido parecia ecoar pelas pedras da estrada, ameaçando atrair atenção indesejada.
Os portões estavam fechados, guardados por soldados com o símbolo do leão em seus escudos. Entrar com o animal seria impossível sem levantar suspeitas. Foi então que um dos aventureiros sugeriu uma rota alternativa: uma passagem lateral usada por mercadores, menos vigiada, que levava diretamente ao templo.
“E se alguém descobrir? O sacerdote disse que ninguém deve saber... agora entendo por quê.”
“Se nos virem com o leão, vão nos prender. Precisamos entrar sem chamar atenção.”
A Entrega ao Sacerdote
Dentro do templo, o Sacerdote Malrik aguardava. Seus olhos brilharam ao ver o leão jovem, contido e vivo.
Malrik:
“Magnífico... vigoroso... exatamente como o Deus-Leão deve parecer diante do povo. Vocês cumpriram bem sua parte. O ouro será entregue. Mas lembrem-se: o que viram aqui não deve ser contado. O povo não compreenderia os desígnios divinos.”
Atrás dele, o rugido fraco de outro leão ecoava — o velho, faminto, mantido nas sombras da arena. Os aventureiros perceberam que havia algo errado. Dois leões. Dois destinos. Um para enganar, outro para devorar.
A Emboscada
Ao deixarem o templo, carregando o peso da recompensa e da dúvida, foram surpreendidos por três figuras que surgiram das sombras da rua estreita. Jovens, armados, com olhos cheios de ódio e dor.
Edrin Veynar, o mais jovem, ergueu sua espada curta com as mãos trêmulas.
Kaela Dorn, firme, apontava o arco.
Torren Malvek, robusto, segurava um machado pesado.
Edrin:
“Vocês... vocês servem ao falso deus? Minha irmã morreu por causa desses monstros! Não deixarei que mais inocentes sejam entregues!”
Kaela:
“Vocês não entendem... esse culto é uma farsa. Dois leões, um velho para devorar, um jovem para enganar. E o povo acredita que é divino!”
Torren:
“Vocês têm escolha. Podem continuar servindo a esses sacerdotes corruptos... ou podem se juntar a nós e acabar com eles.”
O Conflito
As ruas estreitas se tornaram palco de tensão. Os aventureiros podiam lutar contra os jovens, tentando se livrar da emboscada, ou ouvir suas palavras. O combate seria brutal: Edrin atacava com fúria, Kaela disparava flechas certeiras, e Torren avançava como um muro de carne e aço.
Mas se escolhessem dialogar, os jovens revelariam a verdade:
O culto exigia virgens para serem abusadas pelos sacerdotes e depois jogadas ao leão velho.
Sacrifícios de bois gordos eram usados para alimentar os animais.
O leão jovem era apenas um disfarce, uma encenação para manter a fé do povo.
Edrin (com lágrimas nos olhos):
“Minha irmã... acreditava no Deus-Leão. Foi levada ao templo, prometida como oferenda. Mas não foi um deus que a recebeu. Foram homens. Sacerdotes. Eles a abusaram... e depois a jogaram ao leão velho. Vocês querem ser cúmplices disso?”
O Dilema
Agora, os aventureiros enfrentam sua primeira grande escolha moral:
Ignorar os jovens, aceitar o ouro e seguir viagem, cúmplices do culto.
Ajudar os rebeldes, arriscando enfrentar o templo, os sacerdotes e os dois leões.
O silêncio da noite pesava sobre eles. O rugido distante do leão velho ecoava como um lembrete cruel do que estava em jogo.
“Se ficarmos, teremos de lutar contra toda a cidade. Mas se partirmos... quantas moças ainda morrerão?”
“Não somos heróis. Somos sobreviventes. Mas talvez... talvez seja hora de escolher.”
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