A HISTÓRIA

                       A Primeira Era

Quando falamos da origem do universo, muitas histórias são contadas, mas poucas realmente dizem a verdade. Sabe-se que os três criaram Eralfa. Mas quem criou os três? De onde eles vêm? Nos manuscritos mais antigos, encontrados no deserto de Kuran, encontra se a explicação mais plausível até então. Nestes manuscritos estão relatados os três conceitos cósmicos do universo. O tempo, O espaço e A energia. Estes três conceitos são primordiais para o universo, pois são eles que definem a ordem e o caos, a grandeza e a pequenez, a vida e a morte de todas as coisas. Contudo, ainda que os três conceitos existissem, para eles serem manifestados no universo surgiram os Inomináveis. E são estes Inomináveis que são conhecidos pelos povos erálficos como os três deuses da criação. Eles são a representação da dualidade entre o bem e o mal, a ordem e o caos, a vida e a morte, somada a manifestação da imparcialidade diante destas coisas.

Nos pergaminhos mais antigos encontrados nas cordilheiras Decanion-Ohdun, eles são nomeados como Iévine, Bel-Teancun e Omner. Respectivamente, os três manifestam os conceitos cósmicos primordiais. Ainda que não seja deveras seres com distinções de macho ou fêmea, Iévine é retratada como uma mulher de extrema beleza. Cabelos negros como a noite e olhos brilhantes como estrelas. Ela é a personificação da vida, da ordem, da bondade e da beleza. Ela é capaz de ver beleza e bondade em qualquer criatura.

Bel-Teancun é retratado como um homem forte, robusto e bruto. Com cabelos e barbas vermelhos como fogo. Ele é a personificação da fúria, da maldade, da morte e do caos. A estrela vermelha, que brilha com a promessa de a tudo destruir.

Omner é a personificação da imparcialidade diante dos fatos. O observador que a tudo assiste. Como a água que escorre sem escolher caminhos. Simplesmente segue. Neutro diante das situações. É retratado como um homem esbelto, com o rosto imparcial e desprovido de emoções. Com cabelos dourados e olhos azuis.

Faz se necessário ressaltar que essas retratações são as suposições dos povos antigos. Outras civilizações adequaram outras retratações aos Inomináveis. Algumas até mesmo atribuíram atos a eles, como os Silberianos, que acreditam terem sido criados pelo deus Omner.
Mas, dentre todos os contos existentes, apenas dois possuem uma considerável relevância. Os escritos de Gasheel, narram a existência de cinco continentes que possuem criaturas e povos distintos que não sabem da existência uns dos outros. Os mares revoltosos de Eralfa impossibilitaria a navegação entre um continente e outro e seriam apenas os dragões que saberiam da existência dos continentes. Gasheel ainda afirmava que os Malarhis, antigos magos, haviam separado alguns povos de cada continente e os juntado em um único continente. Estes escritos são conhecidos por poucos sacerdotes e magos. Para Gasheel os deuses eram uma invenção mundana para os povos justificarem seus atos.
Ao contrário de Gasheel, Kult acreditava na existência dos deuses e na participação deles na criação do universo e a intervenção deles em alguns fatos ocorridos na história de Eralfa. “O livro de Kult” relata a criação do universo e os primeiros feitos dos homens no continente vermelho. Kult foi um astrólogo que viveu na época do surgimento dos homens vermelhos. É no livro de Kult que se encontra o texto sagrado que descreve a criação do universo pelos três deuses. 

Apesar de possuir a crença em deuses, os estudos astrológicos de Kult demonstram que ele era um homem que compreendia o funcionamento e o movimento das estrelas no céu. Suas teses são respeitadas por estudiosos em qualquer lugar e são bases até os dias de hoje para o entendimento dos astros e do tempo. Segundo ele, Álax é uma estrela que possui treze planetas girando em torno de si. Eralfa seria o quarto planeta em ordem de afastamento de Álax e estaria a aproximadamente 173 milhões de quilômetros de Álax. Ele também criou a divisão do dia em períodos. Um dia em Eralfa possui vinte e sete horas. O dia se inicia com o por de Álax e só termina no próximo por de Álax. O dia é dividido em três períodos de nove horas cada.
Kult também criou o calendário utilizado pelos homens do continente vermelho. Um ano em Eralfa possui treze meses. Sendo que dez meses possui cinquenta e um dia e três meses possui cinquenta e dois dias.
Sobre as luas, Kult escreveu que elas possuem três fases que duram dezoito dias cada fase. Na primeira fase, a gravidade exercida pelas luas (ERIUS e FABUS) e por Álax é extraordinariamente forte e as marés são muito altas. O mar fica extremamente inquieto e até os melhores navegadores o evitam. As luas são vistas como duas luas novas (juntas).
Na segunda fase, a certo equilíbrio. E enquanto uma lua surge no período claro do dia e desaparece no período escuro, a outra surge no período escuro e desaparece no período claro.
Na terceira fase a gravidade exercida pelas luas é oposta a gravidade exercida por Álax, e, por isso, as marés são mais calmas. Novamente as luas são vistas juntas nos céus como se fossem duas luas cheias.


A Segunda Era

Primavera de Ouro

O princípio


“E eis que no principio havia três. E aos três pertencia todo o poder.
E seus nomes eram: IÉVINE, ÔMNER e BÉL-TEÂNCUN. E os três reuniram-se em conselho e disseram:
_ Façamos um lugar onde possa existir vida em várias espécies e deleitemos em criar, entender e controlar para que possamos nos alegrar com o desenvolvimento de nossa obra.
E assim, no princípio, se formou o universo. E no escopo de suas obras, deram uma atenção especial a um ponto do universo.
E disse BÊL-TEÂNCUN: _Farei uma estrela que brilhará em glória e iluminará aquele planeta onde agora nos empenharemos em concluirmos nossa obra selando-a com nossa mais bela criação. E assim o fez.
E disse ÔMNER: _ E farei o planeta girar sobre si, de forma que quando um lado for claro, o outro seja escuro, e quando um lado for escuro, o outro seja claro. Para que todos os seus habitantes possam maravilhar-se com a luz e com as trevas, cada uma ao seu tempo, e assim, aprendendo que uma não pode existir sem a outra. E assim o fez.
E disse IÉVINE: _E farei dois satélites naturais que brilharão nos céus noturnos.
E esses satélites lembrarão a todos aos que os olharem que os olhos da deusa estarão eternamente sobre eles. E assim o fez.
E fez ÔMNER os mares e oceanos. Com um pouco de seu sangue ele os fez. E criou também todos os seres aquáticos.
E fez BÉL-TEÂNCUN todos os montes e montanhas do planeta. Com um pedaço de seus ossos ele os fez. E criou também todos os seres que vivem abaixo das montanhas e sob elas. E criou também todos os seres que criam fortificações com blocos de pedra.
E fez IÉVINE toda planta sobre o planeta. Com um pouco de seus cabelos ela as fez. E criou também todos os rios, lagos e fontes que sustentam os seres vivos. Com o leite de seus seios ela os fez. E criou ela todos os seres que vivem nas matas e florestas.
E juntos, muitas outras coisas eles criaram. E em suas criações havia vida, mas permaneciam imóveis, pois aguardavam a palavra dos deuses.
E levantando-se ÔMNER, disse: _Entoemos uma melodia que dê aos seres vivos a capacidade de pensar, criar e ter sentimentos.
E a palavra de ÔMNER se fez sábia aos ouvidos dos deuses e eles entoaram uma melodia que soou pura e harmoniosa pelos confins do mundo. E eis que os seres vivos começaram a pensar e terem entendimento. E os deuses cantavam em uníssono e em perfeita harmonia e os seres começaram a terem belos sentimentos.
E maravilhando-se BÉL-TEÂNCUN com a sua própria voz, entoou uma nota em um tom mais alto, desarmonizo, e por um momento de desarmonia na canção, surgiu nos corações de alguns seres sentimentos estranhos feios e maus.
E ao término da melodia, lamentou-se BÉL-TEÂNCUN e disse:
_Lamentável foi meu erro. Mas, destruiremos o que foi feito e refaçamos novamente, sem falhas. E levantou a mão para esmiuçar o que havia sido criado e todos os seres vivos do planeta temeram o fim.
Contudo, levantando-se IÉVINE disse: _ Não. O que foi criado não deve ser destruído. Ainda que tenha havido uma pequena falha, o que foi criado é belo e deve ser preservado e amado por nós.
E disse BÉL-TEÂNCUN: _ O tempo mostrará que essa falha, da qual muito me envergonho, não é uma falha pequena, pois, ela deforma, tornando o que é belo em feio, o que é bom em mau.
E disse IÉVINE: _ Não nos precipitemos em destruir o que criamos, pois, o tempo corrigirá a tua falha porque a beleza prevalece sobre a feiura e o bem supera o mal. Mas, indaguemos ÔMNER a sua opinião e a quem ele apoiar, todos nós concordaremos. E assim fizeram.
Todavia, ao ser indagado, ÔMNER disse:
_ Não tomarei partido em nenhum dos dois lados, pois não é meu destino aumentar uma contenda e sim observá-la e aguardar uma solução que traga o seu fim. E enquanto vocês não entram em um acordo, justo é a vida no planeta prosseguir.
E ele se chamará ERALFA, pois gerou a contenda dos deuses.”
Palavras de Kult



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