segunda-feira, 29 de abril de 2013

A MÁSCARA INVICTA_ CONCLUSÃO

A Máscara Invicta
Conclusão.
Por Eduardo Motta.
As brumas cobriam tudo. O homem caminhava, ou talvez voasse. Não sabia ao certo. Em algum lugar seu corpo sofria. Mas não ali. Tudo a sua volta transparecia pazsolenemente duradoura. Contudo, a paisagem foi se dissipando ante seus olhos e logo já não havia paz. Estava deitado sobre o solo. Percebia agora as feridas. Porém toda a sensação de dor se fora. As chamas penetraram muito fundo em sua carne. Fundo demais para que pudesse sentir algo. Seu braço direito já não o obedecia. Com muito custo, pois se de pé a tempo de perceber uma desesperada Ária que tentava se proteger dentro de um circulo de chamas que detinha a fera por um tempo. Tomado de uma força sobre humana ele começou a dirigir se para a fera. A princípio lentamente, mas, aos poucos ganhando velocidade e num instante tudo havia desaparecido.
 Quando pode voltar a si, a primeira coisa que percebeu foram os olhos de Ária e logo em seguida um brilho funesto que envolvia tudo. O homem fechou os olhos e esperou o golpe, mas as chamas não o feriram novamente. Tudo o que sentiu foi um forte impacto às suas costas que o lançou ao solo novamente. Ao se levantar, Ária estava a sua frente novamente. Não a velha Ária, mas uma de outros tempos. Bela e radiante a sorrir-lhe. Tudo durou apenas alguns segundos, pois a imagem foi se tornando pálida e por fim dissolveu-se ao vento. Ele tentou agarrá-la, mantê-la de alguma forma. Era inútil. Nada restava.
E a voz chamou-o mais uma vez. A voz que a desgraça espalha. Ao virar-se percebeu aquele olhar hostil que o espreitava. O mesmo que por muito tempo fora seu único companheiro. A criatura estava morta pelo poder que Ária invocara, mas não aquele rosto que zombava de sua dor, aquela máscara.
Fraco pelo pesar, o homem foi aos poucos se entregando aquele mesmo desígnio que fora dantes sua queda. Mais uma vez tinha a velha máscara em suas mãos e ao coloca-la tudo sumiu numa terrível escuridão. Já não restava pensamento algum até que uma dor pungente o trouxe de volta. Uma grande espada perfurara suas costas e agora se projetava de seu peito. Tentou tatear o lugar e então percebeu que aquela mão não era a sua, mas sim a mão da fera. Tentou gritar, mas o som que saiu foi um urro assustador e pela primeira vez compreendeu que ele próprio era a fera.  A criatura. Pela primeira vez compreendeu que ele mesmo era a fera. Quando levantou o olhar, lá estava Lorena Tão idêntica a Ária. Dos olhos da moça corriam lagrimas e uma palavra se formou nos lábios dela, mas logo foi engolida pelo silencio.
“_ Trimi.”Chamou a voz. O menino brincava em meio à ruinas deixadas pelos primeiros habitantes daquela região.
“_Trimi, Trimi”... insistia. E o garoto jaz em seu mundo não ouvia nada.
_Trimi, aí esta você. Uma mão tocou-lhe no ombro e quando se virou viu sua mãe. Não estava sozinha. O duque estava com ela. O mesmo que outrora o havia chamado de filho.
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        Epílogo...  

Noutro lugar...
_Quem é? Perguntou uma voz áspera junto à porta.
_Flecha-Rubra, respondeu o homem revelando o rosto ocultado pelo manto. Era de cor morena, com longos cabelos negros e trazia um arco nas costas.
_Aproxime-se Flecha-Rubra. Falou alguém tão logo adentrara a um grande salão. _Cumpriste o que lhe foi ordenado? Perguntou.
Flecha-Rubra ouviu a voz. Era estranha. Não viu o rosto de seu entrevistador, pois todos que estavam presentes usavam uma mascara assim como trajavam longos mantos que cobriam todos seus corpos. Havia ao todo quatorze pessoas no grande salão. _Sim. Respondeu por fim.  _A fera está morta como me fora ordenado, senhor.
_Alguma testemunha?
_Não. Respondeu Flecha-Rubra. A mulher guerreira e Dárien estão mortos. Enquanto falava pode ver mentalmente a imagem.
_Melhor assim! Exclamou alguém no outro canto do salão. _Pode se retirar-se.
_Sim senhor!
        Flecha-Rubra deixou o recinto e tomou um caminho diferente do qual havia chegado. Um pouco distante enfiou a mão em seu manto e puxou a velha máscara. Não conseguira destruí-la, mas a guardaria longe o suficiente para que ninguém mais a pudesse usar...

                                                                                                    
                                                                                                     Eduardo Motta

Um comentário:

  1. Eduardo Motta, o mestre da "circo pegando fogo"! Parabéns pela história, final muito bom!!!

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