A Máscara
Invicta
Conclusão.
Por
Eduardo Motta.
As brumas cobriam tudo. O homem caminhava, ou
talvez voasse. Não sabia ao certo. Em algum lugar seu corpo sofria. Mas não
ali. Tudo a sua volta transparecia pazsolenemente duradoura. Contudo, a
paisagem foi se dissipando ante seus olhos e logo já não havia paz. Estava
deitado sobre o solo. Percebia agora as feridas. Porém toda a sensação de dor
se fora. As chamas penetraram muito fundo em sua carne. Fundo demais para que
pudesse sentir algo. Seu braço direito já não o obedecia. Com muito custo, pois
se de pé a tempo de perceber uma desesperada Ária que tentava se proteger
dentro de um circulo de chamas que detinha a fera por um tempo. Tomado de uma
força sobre humana ele começou a dirigir se para a fera. A princípio
lentamente, mas, aos poucos ganhando velocidade e num instante tudo havia
desaparecido.
Quando
pode voltar a si, a primeira coisa que percebeu foram os olhos de Ária e logo
em seguida um brilho funesto que envolvia tudo. O homem fechou os olhos e
esperou o golpe, mas as chamas não o feriram novamente. Tudo o que sentiu foi
um forte impacto às suas costas que o lançou ao solo novamente. Ao se levantar,
Ária estava a sua frente novamente. Não a velha Ária, mas uma de outros tempos.
Bela e radiante a sorrir-lhe. Tudo durou apenas alguns segundos, pois a imagem
foi se tornando pálida e por fim dissolveu-se ao vento. Ele tentou agarrá-la,
mantê-la de alguma forma. Era inútil. Nada restava.
E a voz chamou-o mais uma vez. A voz que a
desgraça espalha. Ao virar-se percebeu aquele olhar hostil que o espreitava. O
mesmo que por muito tempo fora seu único companheiro. A criatura estava morta
pelo poder que Ária invocara, mas não aquele rosto que zombava de sua dor,
aquela máscara.
Fraco pelo pesar, o homem foi aos poucos se
entregando aquele mesmo desígnio que fora dantes sua queda. Mais uma vez tinha
a velha máscara em suas mãos e ao coloca-la tudo sumiu numa terrível escuridão.
Já não restava pensamento algum até que uma dor pungente o trouxe de volta. Uma
grande espada perfurara suas costas e agora se projetava de seu peito. Tentou
tatear o lugar e então percebeu que aquela mão não era a sua, mas sim a mão da
fera. Tentou gritar, mas o som que saiu foi um urro assustador e pela primeira
vez compreendeu que ele próprio era a fera.
A criatura. Pela primeira vez compreendeu que ele mesmo era a fera.
Quando levantou o olhar, lá estava Lorena Tão idêntica a Ária. Dos olhos da moça corriam
lagrimas e uma palavra se formou nos lábios dela, mas logo foi engolida pelo
silencio.
“_ Trimi.”Chamou a
voz. O menino brincava em meio à ruinas deixadas pelos primeiros habitantes
daquela região.
“_Trimi, Trimi”... insistia. E
o garoto jaz em seu mundo não ouvia nada.
_Trimi, aí esta você. Uma mão tocou-lhe no
ombro e quando se virou viu sua mãe. Não estava sozinha. O duque estava com
ela. O mesmo que outrora o havia chamado de filho.
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Epílogo...
Noutro lugar...
_Quem é? Perguntou uma voz
áspera junto à porta.
_Flecha-Rubra, respondeu o
homem revelando o rosto ocultado pelo manto. Era de cor morena, com longos
cabelos negros e trazia um arco nas costas.
_Aproxime-se Flecha-Rubra.
Falou alguém tão logo adentrara a um grande salão. _Cumpriste o que lhe foi
ordenado? Perguntou.
Flecha-Rubra ouviu a voz. Era
estranha. Não viu o rosto de seu entrevistador, pois todos que estavam
presentes usavam uma mascara assim como trajavam longos mantos que cobriam
todos seus corpos. Havia ao todo quatorze pessoas no grande salão. _Sim.
Respondeu por fim. _A fera está morta
como me fora ordenado, senhor.
_Alguma testemunha?
_Não. Respondeu Flecha-Rubra. A mulher
guerreira e Dárien estão mortos. Enquanto falava pode ver mentalmente a imagem.
_Melhor assim! Exclamou alguém no outro canto
do salão. _Pode se retirar-se.
_Sim senhor!
Flecha-Rubra deixou o recinto e tomou um
caminho diferente do qual havia chegado. Um pouco distante enfiou a mão em seu
manto e puxou a velha máscara. Não conseguira destruí-la, mas a guardaria longe
o suficiente para que ninguém mais a pudesse usar...
Eduardo Motta
Eduardo Motta, o mestre da "circo pegando fogo"! Parabéns pela história, final muito bom!!!
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