sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Máscara Invicta_ Sexta Parte


A Máscara Invicta
Parte VI
Por Eduardo Motta.
Um dia, um grupo singular chegou à pequena aldeia. Uma velha e outra jovem em trajes que se diria, pronta para a batalha. Seguidas por um jovem que ostentava os símbolos da nobreza em seus trajes, acompanhado por dois guerreiros, homens forjados no calor da batalha. _O que estariam fazendo ali? Ninguém o sabia. Uma coisa era certo, algo estava por acontecer.
Os viajantes pareciam cansados. Se os olhassem de perto, ver-se-iam as marcas que em outros tempos foram feridas.
_Tudo poderia ter acabado ali. Dizia Lorena para si mesma enquanto procurava com o olhar por Ária que estava a alguns passos atrás.
“_Não. Não conseguiria.” Ária mentalmente refletia. Parecia vagar num plano além. Seu coração parecia não lhe dar sossego. Era como se a mente de todos estivesse conectada em um mesmo ponto. Então o jovem filho do duque falou:
_Era nosso dever ter feito com que isso parasse.  Havia muita amargura em sua voz. Isso fez com que as palavras soassem como uma grave acusação. _Falhamos miseravelmente! Continuou, contudo, ao encontrar o olhar de Ária sua voz embargou. Todos sabiam seu dever, ou pelo menos o desfecho da deliberação que tomaram. Haveria sofrimento. Isto era mais que certo.
Aquele dia correu lento, mas quando veio à noite, um vento impiedoso desceu e fustigou os campos com seu frio hálito.  Os astros noturnos Erius e Fabus projetaram uma luz espectral envolvendo toda paisagem enquanto o silencio engolia tudo.
Todavia, naquela noite um velho incauto, pega um caminho diferente indo para a floresta ao invés de ir pra casa. Estava bêbado. Balbuciava, e hora caia para em seguida reerguer-se sofregamente. Por fim recostou-se a uma pedra e ali ficou a profanar o silencio noturno que, naquela noite poderia se dizer, tinha algo quase sagrado.O tempo correu lentamente enquanto o ébrio homem cantava sua canção. Uma canção que evocava lembranças de amores fatídicos, corações lacerados e guerras acontecidas há tanto tempo que não se podia precisar ao certo. Contudo, o que o incauto homem não sabia era que a noite não era sua única plateia. Havia algo mais. Uma sombra deslizava entre a noite. Quase tão silenciosa quanto o próprio silencio.  E muito mais terrível.
Uma gargalhada percorreu a noite. Era terrivelmente familiar. O homem despertou de seu sono. Sonhara com a floresta aquela noite, e também com um velho bêbado. O mesmo velho que ao entardecer seguira em direção à mata com uma garrafa de hidro mel markdeno a despeito das advertências dos aldeões. O homem estava em seu leito coberto de suor. “Aquilo não poderia ser apenas um sonho”, pensava. A imagem era nítida por demais. Sem refletir, levantou-se e foi na direção que seu sonho indicava.

Noutra parte não muito retirada da aldeia,Ária estava aflita. Sabia que o momento havia chegado, mas Lorena e Dárien tinham ido até o outro lado da floresta e demoravam muito a chegar. Um terror crescia na noite e ela bem o sabia. Já o sentira há dias. Mas hoje era diferente. Estava ali e já cansada da longa espera, decidiu ir encontrar aquela terrível sombra. Envolveu se em seu manto, pegou seu cajado e começou a subir a colina acima da maneira que seu maltratado corpo permitia.
Tamanha foi a sua surpresa ao vislumbrar, mesmo através da noite, um corpo, ou o que sobrara dele, um pouco a frente e junto a ele, aquele que um dia fora seu amante. “_Tenho de ser rápida.” Falava para si mesma. Se falhasse, poderia ser o vim. Pensava Ária.
O homem não a percebera. Isso era uma grande vantagem. Ária concentrou-se em um ponto qualquer em algum lugar na noite. Em algo que só ela via enquanto invocava o “poder”. As palavras eram difíceis, mas já estava acostumada a pronunciá-las. Quando criança sua mãe a ensinara e ela não se confundiria agora. As palavras saíram num ritmo hipnótico e logo uma centelha brilhou em frente à Ária. Num breve instante um clarão se fez visível na paisagem e foi tudo que o homem pode ver antes de ser engolido pelas chamas terríveis.

Ária olhou em volta, as chamas provocaram uma grande destruição lançando em meio às pedras o corpo do homem que ela amara em toda sua vida. O fogo o maltratara nitidamente. Já não poderia viver. Uma dor aguda se apoderou da mulher embora soubesse que era o certo a fazer. Tentou recompor-se, mas suas pernas não a obedeciam. Conjurara muito poder e pagava o preço por tal ato. Ela queria correr e abraçar ao menos uma vez aquele corpo e implorar lhe perdão por tudo, mas como? Era forçoso mesmo manter-se de pé.
As chamas produziram um forte clarão no céu e isto chamou a atenção de Lorena e Dárien que ao perceberem tomaram aquela direção. Infelizmente eles não foram os únicos a notarem o acontecido, pois em algum lugar uma sombra foi atraída para aquele ponto e colocou-se a caminho, terrível.
As forças de Ária começavam a voltar enquanto num vislumbre ela pode perceber algo que surgia da escuridão em meio aos arbustos. A criatura se fez visível. Ária ficou aflita. Não era possível conjurar o poder. Tentaria retardar a criatura, esperando que alguém mais houvesse visto o brilho da explosão.

Um comentário:

  1. Mas não eram cinco partes?! Muito bom a história até agora, espero o desfecho desta trama...

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