Durkan
saiu de seu aposento seguido de Andivari e encontrou Drurkali e os dois
seguidores de Andivari com mais uma nova figura distinta, o meio-elfo Guntz.
Verbena estava com a espada sacada e olhava para Vladslav como quem não
soubesse o que fazer. Guntz recuperava o folego enquanto que Vladslav e
Drurkali olhavam um para o outro como quem está prestes a deixar as diferenças
de lado para enfrentarem uma peleja maior.
Drurkali,
temos que salvar o rei. Prometi a Crane e seus irmãos que cuidaria de seu pai.
_Disse Durkan enrolando as correntes de combate estrategicamente eu seus
braços.
Vamos
com eles. Tentaremos salvar o máximo de pessoas no caminho. _Dizia Andivari a
seus companheiros. _Mas estejam cientes que esta batalha já está perdida. O
inimigo já adentrou os portões da cidade e a guarda foi imprudentemente
desfocada quando Crane e seus irmãos reuniram os soldados para marcharem contra
Hellin-Odel.
Enquanto
corriam por corredores longos e sombrios, os seis ouviam gritos de dor e pavor
atravessando as paredes maciças do castelo. Vez ou outra, os corredores eram
iluminados por tochas que ficavam nas laterais da parede. Quando passavam
correndo por elas, as sombras emitiam imagens fantasmagóricas na parede que
unindo se aos gritos e gemidos vindos do outro lado, criavam um cenário
dantesco.
Ao
findar o corredor, depararam com o enorme salão onde outrora havia sido
festejado o aniversário da falecida princesa Kathrina. Bancos de madeira
estavam tombados pelo salão. Uma grande mesa de madeira havia sido tombada
provavelmente para servir de proteção aos três soldados que agora jaziam
cravejados por flechas. No canto esquerdo do salão uma labareda começava a se
formar ao pé da cortina. Indiferente a tudo isso, um grupo de soldados abusava
de uma jovem que soluçava em apuros. Dois homens a segurava pelos braços
enquanto que outro, gordo de barbas ruivas e dentes amarelados, gargalhava
enquanto a penetrava por trás. Sua gargalhada deu lugar a um som hediondo
quando Drurkali esmagou seu crânio com um golpe de duas mãos que fez os olhos
do soldado saltarem de suas órbitas. Os outros dois olharam com espanto o
gigante negro surgir por trás do corpo de seu falecido companheiro de guerra,
mas antes mesmo de alcançarem as suas armas, Vladslav e Andivari caíram sobre
eles com fortes golpes de espada. Um teve a cabeça separada do corpo e o outro
teve apenas tempo de soltar um grito de pavor que foi abafado com engasgos de
sangue que fluíram de sua boca quando a espada de Andivari atravessou seu
peito. Verbena retirou sua capa e entregou a assustada moça que estava com o
vestido destruído.
_Não
se preocupe linda jovem. Está tudo bem agora. -Falou Guntz com a voz carregada
de compaixão. _Nós vamos tirá-la daqui. Qual é seu nome?
Durkan
estava encostado à quina da porta que dava para o pátio. Olhava com cuidado o
ambiente hostil lá fora. Andivari se aproximou e também olhou. Soldados corriam
atrás de cidadãos comuns e os matavam sem misericórdia. Os poucos que tentavam
ainda criar uma resistência eram massacrados. As chamas se espalhavam pelas
casas. Sangue escorria pelas ruas. Soldados montados a cavalos perseguiam
cidadãos desesperados. Do outro lado do pátio a porta de um castelo se abriu.
De dentro saiu um homem altivo, com uma armadura negra e ombreiras em forma de
caveiras. Logo atrás dele surgiu o rei Cronder com as mãos amarradas sendo
escoltado por cinco soldados com armaduras completas. As armaduras eram negras
e polidas e usavam um manto branco por cima delas. O rei possuía um corte na
cabeça por onde o sangue escorria sujando suas vestes de linho. Sua coroa
estava na mão do primeiro soldado que saiu. Um soldado correu em uma direção e
minutos depois um grupo de aproximadamente sessenta cavaleiros apareceram
fazendo barulho e levantando poeira com os galopes de suas montarias. Os homens
trocaram algumas palavras e logo acorrentaram o rei. Em seguida cavalgaram em
direção à praça principal.
_Temos
que salvá-lo. –Disse Durkan. _Estão o levando para a morte.
_Não a
nada que possamos fazer Durkan. –Afirmou Andivari.
_Desde
quando se tornou um covarde Andivari. É por isso que não presta lealdade a
nenhum rei ou senhor? _Por isso se tornou um cavaleiro andante?
_Não
seja tolo. Não podemos lutar contra um exercito inteiro.
_A
morte me acompanha. E se hoje for o dia em que ela me apanhará que assim seja.
–Afirmou Vladslav erguendo a espada acima da cabeça.
_Pelo
menos um entre vocês possui colhões. As moças podem se esconderem se quiserem,
mas eu prometi proteger o rei e é isso que farei.
_Não
seja impulsivo Durkan. Você irá matar a si mesmo e a todos nós. - Manifestou
Verbena.
_Meu
senhor, eu creio que eles estejam certos. – Eu jurei protege-lo e é o que
farei. –Falou Drurkali- Mas se formos em direção ao rei é morte certa.
De
repente a jovem molestada se aproximou deles e disse:
_Por
favor, salvem minhas crianças. Estávamos todos no templo de Iévine quando os
soldados atacaram. Antes de me pegarem, eles violentaram outras moças e as crianças
eles jogaram nos subterrâneos do templo e trancaram-nas lá dentro. A última vez
que vi o templo ele estava começando a pegar fogo.
_O rei
já está condenado Durkan, mas podemos salvar estas crianças.
Durkan
lançou um olhar imparcial a cada um deles. Então olhou a jovem enrolada na capa
de Verbena. Ela estava com hematomas no corpo e lágrimas nos olhos.
_Sabes
que estas crianças podem já estarem mortas. –Afirmou.
_O rei
também. –Retrucou a moça.
_Vamos.
Mostre-nos o caminho.
Os
sete saíram correndo beirando as paredes e aproveitando a camuflagem da fumaça.
Passaram por entre becos sujos e ruas vermelhas com corpos espalhados pelo
chão. Por fim estavam diante de um enorme templo, com uns vinte metros de
altura. A parte lateral esquerda já estava toda dominada pelas chamas e
começava a desmoronar fazendo um estrondo como um trovão.
_Entrar
aí sim é morte certa. –Pestanejou Durkan.
_Por
favor. Os calabouços do templo possuem um caminho que leva para fora da cidade.
Temos que tentar encontrar as crianças e sair por lá. –Choramingou a moça.
_Muito
conveniente de sua parte dizer isto moça. –Resmungava Durkan quando Andivari e
seus amigos passaram por ele.
_Vamos.
–Dizia Andivari. _É nossa melhor chance.
_Quem
é o covarde agora hein?!- Provocou Guntz, o meio-elfo.
Quando
entraram no salão principal sentiram o sangue ferver por causa do calor. A moça
correu por entre os escombros e sumiu na fumaça. Guntz e Verbena a seguiram
tampando o nariz com a palma da mão para não inalarem muita fumaça. Logo atrás
deles estavam Andivari e Vladslav.
_Esperem.
–gritou Durkan adentrando no aposento acompanhado de seu guarda Drurkali. –Nós
também iremos.
O fogo
subia pelas paredes e se espalhava pelo teto. O calor era insuportável. Um barulho
ensurdecedor foi causado pelo desmoronamento de uma coluna e os sete
personagens sumiram entre as chamas, fumaça e poeira.