terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Contos: A Máscara Invicta

Olá pessoal! Está é a primeira parte de um conto escrito por Eduardo Motta. Em breve postarei a continuação dessa estória que tem como plano de fundo o mundo de Eralfa. Boa leitura para todos!
Fabiano Enoque.


A Máscara Invicta

I Parte.
Por Eduardo Motta.
             Um lampejo corta o céu. Era dia, mas se fazia visível ao olhar. Do sul, aonde outrora vieram miríades de longos anos de guerra, ouvia se um grande ruído. Não de homens, mas de uma tempestade que se avizinhava das redondezas.
        Ao longe, o velho dragão olhava feroz. Seus pétreos olhos pareciam vigiar toda a paisagem, porem, é certo, nada viam. As sólidas asas como que tentando ganhar o céu, nada poderia fazer. Não se ergueria m um momento sequer apenas. Reza a lenda que numa época muito distante, vivia um dragão sobre as montanhas de Delráhvia. Só que um dia. Um poderoso bruxo o havia confinado na rocha e ali permaneceria por toda eternidade a velar sobre a paisagem. Mas os anos se passam e os velhos morrem e as crianças abandonam seus sonhos na medida em que crescem e não há mais quem conte as estórias e nenhum ouvido para ouvi-las então e as lendas vão ficando cada vez mais distantes dos homens.
        “Tudo nunca passou de um sonho!”. Disse uma voz de si para si mesmo. E acima, uma bandeira pendia dum azul desbotado pelo tempo. Outrora, símbolo de dignidade e poder, hoje arrancavam risos dissimulados e nada mais. O dragão dourado ao centro já não impunha respeito nem nas criancinhas de pouca idade.
        _Jovem mestre. Chamou uma voz perto a grande escadaria, único meio de si chegar à torre de vigia. _Teu pai, o duque, o aguarda.
        O jovem não volveu o olhar em direção àquela voz. Porem foi audível o seu longo suspiro.
        _Diga a ele que já vou. Disse mantendo o olhar fixo no velho pendão agitado pelo vento.
        _Não quero ser inconveniente... _Tornou a voz._... Mas ele pede que me acompanhe imediatamente.
        _Que seja! Exclamou displicentemente enquanto lançava um olhar frio para o velho homem junto à escada.
        O jovem seguiu em silencio escada abaixo acompanhado pelo homem mais velho. Era uma enorme espiral. Parecida com uma enorme serpente enroscada pelas laterais da torre. Depois de terminada a monótona descida, os dois entraram num enorme pátio e em seguida em uma porta a esquerda saindo num, salão mediano aonde um grupo se reunia cheio de excitação nas vozes.
        “_ Sei que parecem estórias de camponês senhor...” _ Disse um homem ao fundo da sala enquanto Dárien e o velho Makro entravam. “_... mas dois pastores e alguns animais já desapareceram. Achamos também sangue próximo ao velho poço.”
        “_Uma fera senhor! Uma terrível fera bradou uma mulher”. “_Já ouvimos falar dela. Dizem que dizimou todo um povoado e agora está aqui entre nós.”
        Havia muita tensão no ar. Várias pessoas falavam ao mesmo tempo enquanto o duque de cima do trono olhava desolado aquele burburinho a sua frente.
        _ Senhor meu pai, disse Dárien, mandaste chamar-me? Algo em que possa servi-lo? 
        A despeito de toda a formalidade, o duque notara certo descontentamento na voz de Darién, mas também mantendo o tom formal: _Sim, meu filho. Estes homens trazem notícias de que uma fera estaria atacando nossa boa gente. Como hábil caçador que és, gostaria de ouvir sua opinião sobre o caso.
        _ O que os soldados dizem meu pai?
        _ Lobos meu senhor! Disse um homem usando com uma cota de malha que trazia uma longa espada à cintura. _ Nada mais que lobos. E ademais, os dois pastores não passavam de bêbados, e isto não é segredo a ninguém.
        Se por um lado as pessoas simples viam no caso o ataque de uma terrível besta, que contavam boatos sobre vilas destruídas e coisas parecidas, o duque via apenas estórias de gente ignorante que tende a exagerar tudo e se deixam levar facilmente pelo maravilhoso.
        _E então Dárien, o que me diz?
        _ Bem meu pai, lobos ou algum outro animal é certo que não se sabe. Mas seria prudente investigar. Se o senhor me concedesse a honra...
        O duque não tencionou mandar ninguém para averiguar o caso. Principalmente seu filho, mas se negasse o pedido, ainda mais na frente daqueles que ali estavam, poderia ter menos apoio quando fosse preciso e assim aquiesceu.
        Foi acordado que Dárien levaria três homens consigo e partiriam pela manhã a fim de averiguar os fatos. E assim, na quarta hora do período de Fabus, aos primeiros raios de Álax, partiram pela velha estrada, rumo ao sul. Ao longe o antigo dragão se fazia ver magnífico enquanto a velha bandeira azul era agitada por um impetuoso vento norte.
        Dárien lembraria muitas vezes daquela cena, mormente nos tempos em que a escuridão tivesse apoderado de seu ser e tudo o que houvesse vivido fosse como um sonho desvanecendo dentro da realidade, porém os presságios são apenas para o futuro e o futuro ainda estava longe, ao menos daquele dia.


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