Passaram se
dias desde que Andivari e seus amigos chegaram ao acampamento dos Markdenos.
Obadian Teron demonstrara ser um anfitrião agradável. Sempre enviava servos com
alimentos frescos e bebidas saborosas dos mais variados tipos. Suas cobertas de
dormir eram trocadas quase que todos os dias por cobertas limpas e quentes.
Fizera uma tenda para Verbena e deixara um guarda de plantão dia e noite na
entrada. Dizia que era para garantir a segurança dela.
“_. Um
acampamento de guerra não é um lugar para uma dama. É meu dever garantir que
nada de errado aconteça com você, minha querida.”
Verbena
desconfiava de cada atitude cortês dos anfitriões. Principalmente quando ela
conseguia conversar com alguns prisioneiros. Havia dois dias que ela saía pelos
fundos da tenda e conversava com uma prisioneira chamada Khalieshy. O jovem
Vladislav passava os dias treinando com a espada. Mesmo depois de ser advertido
pelo curandeiro de que precisava fazer repouso. Já o pobre Andivari parecia
definhar-se cada dia mais. Suas feridas inflamavam e a dor era constante em seu
semblante. Verbena lamentava a todo o momento ver o amigo naquele estado. No
fundo ela desconfiava do curandeiro. Achava que ele não sabia o que estava
fazendo. Certa vez tentou ir procurar plantas medicinais por conta própria, mas
não foi autorizada a deixar o acampamento porque as “Viúvas de Stavianath”
estavam fazendo ataques pelas redondezas.
Realmente os soldados estavam mais
preocupados aquele dia. Rumores de que as “viúvas” atacariam antes das duas
luas alinharem nos céus eram cada dia mais frequentes. Verbena ouvira algo
sobre ainda precisarem de mais dois jovens para completarem a demanda. Não
sabia do que se tratava, mas sua nova amiga, a prisioneira Khalieshy, havia lhe
dito algo sobre precisarem de trinta jovens para trabalhos escravo nas
florestas De Markden. O rei Keiran havia prometido construir uma nova frota de
navios para os Hellins e os jovens stavianathos eram requisitados para cortarem
madeira nos cantos mais ermos das florestas. Nos últimos tempos nem mesmos as
jovens mulheres estavam sendo poupadas dos serviços braçais.
“_. Vimos o
que essas infelizes são capazes de fazer com o arco e a espada. Se elas são
aptas para lutar, também serão aptas para trabalhar.” - Disse um comandante ao
ser questionado por Vladislav.
Naquela noite Andivari agonizava de
dor. Seus gritos eram ouvidos por todo o acampamento. Vladislav permanecia na
porta da tenda parado e com um olhar tristonho. No fundo ele sentia medo.
Sempre achara que a morte o perseguia, mas vê-la perseguir a atacar um amigo
parecia aterrorizá-lo mais do que se fosse ele mesmo a sentir tal sofrimento.
Verbena tentava auxiliar o curandeiro de todas as formas. Passava unguentos nas
feridas, um pano úmido no rosto suado de Andivari o segurava no leito quando ele
tinha ataques de espasmos.
_. Faça algo homem. Ele está só
piorando. -Implorava Verbena.
_. Estou
fazendo o melhor que posso minha jovem. Mas ele parece rejeitar meus unguentos.
-Reclamava o curandeiro.
_. Pelo
visto o seu melhor não vale nada para esse homem. -Disse Obadian ao entrar na
tenda segurando uma garrava de vinho já pela metade nas mãos. _Saia já daqui. E
chame dois homens com uma maca. Peça para prepararem minha carruagem.
_. Sim
senhor! -Respondeu o curandeiro saindo aos tropeços ao ser empurrado.
_. Minha
jovem. -Disse suavemente, ainda que um pouco bêbado, Obadian Teron a Verbena.
_. Nosso amigo já ficou aqui tempo demais. Perdoe-me por não ter tomado essa
decisão antes, mas ele deve ser enviado o quanto antes ao palácio real. Em
Anarkden ele receberá os devidos cuidados. Acredite. É a única chance dele.
_. Então iremos com ele. -Disse
Vladislav ao ouvir a conversa.
_. Não se
faz necessário. Meus melhores homens o escoltarão até o palácio.
_. Isto não
foi um pedido meu caro. -Disse Vladislav com um tom sinistro na voz.
_Sim. Não
vamos nos separar de nosso amigo por nada. -Completou Verbena.
_. Como
queiram. Mas apressem-se em pegarem seus pertences. A carruagem irá sair em breve.
...Continua!