sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sacrifício

Para qualquer canto que se olhava havia chamas e fumaça. A jovem sacerdotisa de Iévine corria pelas galerias do templo em chamas gritando o nome das crianças. Atrás dela vinha Guntz, o meio-elfo, Vladslav, Verbena, Andivari, Durkan e seu guarda-costas Drurkali.   
_Fildor..., Sazimira..., Esmerin..., Crion... , onde vocês estão? Respondam-me, por Iévine. –Gritava a moça._ Que vocês estejam bem. A jovem seguiu por um amplo salão que ameaçava ruir e entrou por uma porta enfumaçada quando de repente todos ouviram gritos.
_Socorro! Mirla, socorro, nós estamos aqui.
 Ao ouvir o chamado das crianças a jovem sacerdotisa saiu em disparada na direção dos gritos. _Estou indo crianças. Estou indo. Assim que a jovem atravessou um portal de mármore que estava flamejando, o mesmo ruiu e desmoronou. Em um ímpeto heroico Guntz pulou por entre as pedras de mármore que caiam e rodopiando o corpo em pleno ar atravessou os escombros em queda e aterrissou do outro lado intacto. Os outros estavam agora impedidos de passar por aquele caminho, mas Guntz estava junto a jovem.
         _Minha jovem, espere. Vamos devagar. _Suplicou Guntz a moça que não lhe deu ouvidos e saiu em disparada.
_Fildor..., Sazimira...,Doran..., onde vocês estão?
_Mirla, estamos aqui, socorro. _As crianças gritaram em uníssono.
Ao ouvir, até mesmo Guntz apressou-se a correr. Correram até um salão oval que provavelmente, em circunstancias normais estaria escuro, mas estava todo iluminado pelas labaredas de fogo que subiam pela parede. No centro do salão a jovem Mirla tentava levantar uma grade de ferro que fechava uma espécie de calabouço. Queimava suas mãos quando tocava o ferro aquecido pelo calor, mas mordia os lábios e fazia força para quebrar as correntes que prendiam a grade.

Guntz se aproximou ofegante e tossindo e pode notar seis crianças dentro do calabouço. _Deixe-me ajudá-la. Disse Guntz segurando uma ponta da grade de ferro. Os dois fizeram força vários momentos, mas em vão. Dentro do calabouço as crianças choravam desesperadas.  _Mirla, Mirla, socorro, nos tire daqui. Não queremos morrer. - Gritavam as crianças em desespero. Guntz e a jovem faziam força até seus braços tremerem e os rostos a ficarem vermelhos.
De repente Guntz percebeu pequenos estilhaços caindo em cima de seu ombro. Ao olhar para o alto viu que o teto começara a rachar com grande rapidez. Logo blocos inteiros começaram a cair no chão do salão ao lado deles. Os dois faziam uma força extrema, mas as correntes que prendiam a grade não ruíam de modo algum. Lá dentro as crianças choravam em desespero. Guntz tentou quebrar as correntes com sua adaga, mas foi em vão. O fogo já os rodeava e minavam suas forças. De repente Guntz viu um enorme bloco de mármore vindo na direção dos dois. Guntz jogou o corpo para puxar Mirla, mas ela estava agarrada a grade e não soltou até que o bloco caiu sobre eles. Guntz foi lançado uns dois metros do local com o impacto dos estilhaços, mas Mirla, ela foi atingida em cheio. Quanto Guntz conseguiu recobrar a consciência viu o corpo de Mirla com o crânio esmagado e o sangue escorrendo para dentro do calabouço de onde saia o choro angustiante e amedrontado das crianças.
Guntz perguntava a si mesmo o que poderia fazer. Não conseguiria romper as correntes que prendiam a grade do calabouço. Estava ferido e o teto continuava a desabar. _Seria tolice tentar salvar as crianças. Elas já estão condenadas. Muitas crianças morreram nesta guerra. – Pensava Guntz enquanto tentava se reerguer. Começou a caminhar em direção a uma saída quando os gritos ficaram mais altos.
_Socorro! Ajude-nos. Não queremos morrer aqui. –Gritavam as crianças.
Guntz tampou os ouvidos para não ouvi-las. O barulho das chamas e das pedras a cair aos poucos ia abafando os gritos. Logo Guntz já estava fora do salão. Cambaleando... Como um moribundo.
_Maldição! –Exclamou. _São apenas crianças. Guntz começou a correr novamente em direção ao salão oval. Ao chegar encontrou o salão ruindo e poeira e fogo para todos os lados. Correu até a grade do calabouço. Afastou pedras e o corpo da falecida jovem para o lado e começou a puxar a grade com todas as forças. Dentro do calabouço o choro das crianças se misturava com tosses e soluços.
_Afastem se para o canto crianças. –Ordenou Guntz. Segurando a grade com as duas mãos começou a puxar gritando bem alto. _Iiaarrhhhg!
Ao seu redor o salão ruía. Fogo se espalhava e pedras batiam no chão provocando ondas sonoras assustadoras. Guntz ainda gritava quando um estilhaço veio em direção a sua cabeça e ele tombou com a cara sob a grade que tentava abrir. Viu no escuro do calabouço, crianças assustadas. “_Acorde moço, acorde. Você tem que nos tirar daqui.” - Ouviu uma dizer.
 Sentiu pedregulhos caírem sobre seu corpo até que seu mundo apagou.

                                                                                        ...continua.

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