Para qualquer canto que se
olhava havia chamas e fumaça. A jovem sacerdotisa de Iévine corria pelas
galerias do templo em chamas gritando o nome das crianças. Atrás dela vinha
Guntz, o meio-elfo, Vladslav, Verbena, Andivari, Durkan e seu guarda-costas
Drurkali.
_Fildor...,
Sazimira..., Esmerin..., Crion... , onde vocês estão? Respondam-me, por Iévine.
–Gritava a moça._ Que vocês estejam bem. A jovem seguiu por um amplo salão que
ameaçava ruir e entrou por uma porta enfumaçada quando de repente todos ouviram
gritos.
_Socorro! Mirla, socorro, nós estamos aqui.
Ao ouvir o chamado das crianças a jovem
sacerdotisa saiu em disparada na direção dos gritos. _Estou indo crianças.
Estou indo. Assim que a jovem atravessou um portal de mármore que estava
flamejando, o mesmo ruiu e desmoronou. Em um ímpeto heroico Guntz pulou por
entre as pedras de mármore que caiam e rodopiando o corpo em pleno ar
atravessou os escombros em queda e aterrissou do outro lado intacto. Os outros
estavam agora impedidos de passar por aquele caminho, mas Guntz estava junto a jovem.
_Minha jovem,
espere. Vamos devagar. _Suplicou Guntz a moça que não lhe deu ouvidos e saiu em
disparada.
_Fildor..., Sazimira...,Doran..., onde vocês estão?
_Mirla, estamos aqui, socorro. _As crianças gritaram em
uníssono.
Ao ouvir, até mesmo Guntz apressou-se a correr. Correram até
um salão oval que provavelmente, em circunstancias normais estaria escuro, mas
estava todo iluminado pelas labaredas de fogo que subiam pela parede. No centro
do salão a jovem Mirla tentava levantar uma grade de ferro que fechava uma
espécie de calabouço. Queimava suas mãos quando tocava o ferro aquecido pelo
calor, mas mordia os lábios e fazia força para quebrar as correntes que
prendiam a grade.
Guntz se aproximou ofegante e tossindo e pode notar seis
crianças dentro do calabouço. _Deixe-me ajudá-la. Disse Guntz segurando uma
ponta da grade de ferro. Os dois fizeram força vários momentos, mas em vão.
Dentro do calabouço as crianças choravam desesperadas. _Mirla, Mirla, socorro, nos tire daqui. Não
queremos morrer. - Gritavam as crianças em desespero. Guntz e a jovem faziam
força até seus braços tremerem e os rostos a ficarem vermelhos.
De repente Guntz percebeu pequenos estilhaços caindo em cima
de seu ombro. Ao olhar para o alto viu que o teto começara a rachar com grande rapidez.
Logo blocos inteiros começaram a cair no chão do salão ao lado deles. Os dois
faziam uma força extrema, mas as correntes que prendiam a grade não ruíam de
modo algum. Lá dentro as crianças choravam em desespero. Guntz tentou quebrar
as correntes com sua adaga, mas foi em vão. O fogo já os rodeava e minavam suas
forças. De repente Guntz viu um enorme bloco de mármore vindo na direção dos
dois. Guntz jogou o corpo para puxar Mirla, mas ela estava agarrada a grade e
não soltou até que o bloco caiu sobre eles. Guntz foi lançado uns dois metros
do local com o impacto dos estilhaços, mas Mirla, ela foi atingida em cheio.
Quanto Guntz conseguiu recobrar a consciência viu o corpo de Mirla com o crânio
esmagado e o sangue escorrendo para dentro do calabouço de onde saia o choro
angustiante e amedrontado das crianças.
Guntz perguntava a si mesmo o
que poderia fazer. Não conseguiria romper as correntes que prendiam a grade do
calabouço. Estava ferido e o teto continuava a desabar. _Seria tolice tentar
salvar as crianças. Elas já estão condenadas. Muitas crianças morreram nesta
guerra. – Pensava Guntz enquanto tentava se reerguer. Começou a caminhar em
direção a uma saída quando os gritos ficaram mais altos.
_Socorro! Ajude-nos. Não
queremos morrer aqui. –Gritavam as crianças.
Guntz tampou os ouvidos para
não ouvi-las. O barulho das chamas e das pedras a cair aos poucos ia abafando
os gritos. Logo Guntz já estava fora do salão. Cambaleando... Como um
moribundo.
_Maldição! –Exclamou. _São
apenas crianças. Guntz começou a correr novamente em direção ao salão oval. Ao
chegar encontrou o salão ruindo e poeira e fogo para todos os lados. Correu até
a grade do calabouço. Afastou pedras e o corpo da falecida jovem para o lado e
começou a puxar a grade com todas as forças. Dentro do calabouço o choro das
crianças se misturava com tosses e soluços.
_Afastem se para o canto
crianças. –Ordenou Guntz. Segurando a grade com as duas mãos começou a puxar
gritando bem alto. _Iiaarrhhhg!
Ao seu redor o salão ruía. Fogo
se espalhava e pedras batiam no chão provocando ondas sonoras assustadoras.
Guntz ainda gritava quando um estilhaço veio em direção a sua cabeça e ele
tombou com a cara sob a grade que tentava abrir. Viu no escuro do calabouço,
crianças assustadas. “_Acorde moço, acorde. Você tem que nos tirar daqui.” -
Ouviu uma dizer.
Sentiu pedregulhos caírem sobre seu corpo até
que seu mundo apagou.
...continua.
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