O Comandante
Sinclery observava emudeço o desenrolar do ataque. Viu em silencio quando o
general Obadian Teron ordenou para que os porta-bandeiras erguessem as
bandeiras de aliança. Observou enquanto o velho general Teron escolhia a dedo
os homens que seriam os mensageiros. Aguardou junto com o velho enquanto os
portões da grande cidade eram abertos. Quando teve espaço os suficientes para
passar uma tropa da cavalaria, rapidamente invadiram a cidade. Como formigas
eclodindo de um formigueiro recém destruído, os soldados avançaram deixando os
poucos guardas de Shadarph atônitos e confusos.
Quando um soldado de Shadarph tentou organizar uma linha defensiva,
rapidamente foi silenciado pelos arqueiros markdenos. O povo de Stavianath era
um povo guerreiro. Principalmente o povo de Shadarph. Mas a maioria dos
guerreiros havia partido em marcha contra Hellin-Odel acompanhando os príncipes
guerreiros em busca de vingança. Na cidade só haviam ficados soldados velhos
demais ou jovens sem experiência em combates.
Sinclery
sabia que seria um massacre. Em várias cidades de Stavianath estavam
acontecendo os mesmos ataques. Na décima quinta hora do dia. Quando Álax já
brilhasse no céu, o ataque ocorreria. Ao findar da luz, quando as trevas
novamente abraçassem o mundo, todas as grandes cidades de Stavianath já teriam
sido subjulgadas. Ele não gostava deste plano. Era desonroso e trazia vergonha
para seu povo. Também era ciente que a população de Markden, em sua grande
maioria não concordava com o ataque a seus vizinhos e até pouco tempo atrás,
seus aliados. Muitos foram os soldados que não aceitaram o comando do rei por
terem amigos e familiares entre os Stavianathos. Mas estes foram convencidos a
lutarem pelos interesses do rei sob a ameaça de serem acusados de traição caso
não concordassem. O rei falara aos seus conselheiros sob a confirmação de um
suposto golpe que ocorreria em Markden. Contou algo sobre um plano dos
Stavianathos de dominar todos os reinos circunvizinhos. Que depois de vencerem
Hellin-Odel, Markden seria o próximo reino a sofrer a ira dos Stavianathos. Era
bem pouco provável que isto fosse verdade, mas como que por bruxaria, todos do
conselho concordaram que esse era o melhor momento para atacar os Stavianathos
e evitar que futuramente o reino de Markden fosse destruído.
Obadian
parecia estar gostando de tudo aquilo. Perseguia homens em fuga e os matava com
golpes de machado nas costas. Estuprava donzelas e depois as entregava a seus
homens para que também compartilhassem de sua fenda recém-deflorada. Muitos
eram os que possuíam sua sede de sangue e luxuria. Em sua maioria os soldados
eram compostos de jovens guerreiros. Imaturos e despreocupados com o
significado da honra. Em seu intimo desejava que os grandes guerreiros de
Stavianath estivessem na cidade. Gostaria de ver alguns daqueles “soldados”
enfrentarem uma batalha de verdade.
Sinclery
ordenava aos seus homens que poupassem a vida de mulheres e crianças e também
os velhos demais que não apresentavam ameaça. Mas Obadian dizia que se as
crianças fossem poupadas, cresceriam com ódio no coração e os velhos de nada
serviam. Dizia que as mulheres deveriam ser poupadas somente enquanto eram
úteis. Por um momento questionou os métodos de Obadian, mas ao ser defrontado
observou que os soldados ficariam ao lado de Obadian, pois este possuía a maior
patente e seus métodos eram mais interessantes aos remendos de gente que agora
enojavam Sinclery.
_Ousa
me questionar rato vermelho? –Obadian falava em tom ameaçador com seus dentes amarelos
á mostra e o hálito de cerveja tirando o ar de Sinclery. _Se acha mais nobre do
que eu? Julgas que eu não sei comandar uma legião de soldados? Ou estás com
pena destes metidos a valentes? Cadê a valentia deles agora? _Gritou alto
olhando para o monte de prisioneiros amontoados na praça central.
Nesse
momento soldados trouxeram à presença de Obadian o rei de Stavianath, Cronder.
O rei estava acorrentado e possuía um corte na cabeça por onde o sangue não
parava de escorrer.
_Ora,
ora, finalmente eu tenho o privilégio de conhecer o “bravo” rei Cronder. Pois
me diga rei... Onde está tua braveza?
_O que
significa isto? Porque nos atacaram? Vieram até meus portões como aliados. O
teu rei saberá desta desonra, cão. –Vociferou o rei Cronder, que apesar de velho,
possuía uma voz que se fazia potente.
_Hahahaha!
O meu rei saberá? Hahahaha... Obadian gargalhou e os soldados o seguiram nos
risos.
_Estou
aqui a mando do rei Keiran
Dehildren, senhor das terras de markden. Que por sinal era
seu amigo...-Falava Obadian enquanto desmontava seu cavalo. _ Amigo que você e
seus filhinhos estavam dispostos a trair. _Chutou a face do rei Cronder que
caiu ao se desequilibrar provocando um baque quando seu rosto bateu no chão.
Obadian
Teron pisoteou o rosto de Cronder e o manteve com a face espremida no chão
arenoso. O sangue do ferimento da cabeça se misturava com o novo corte no lábio
superior do velho rei que tossia arquejando. Ao fazer menção de socorrer seu
rei, um prisioneiro foi imediatamente morto por uma lança que atravessou seu
peito provocando um jorro vermelho. Mulheres e crianças gritaram amedrontadas
enquanto os soldados os golpeavam com o cabo das lanças ordenando-as calarem.
_O
próximo que interferir será crucificado. –Gritou um dos comandantes aos
prisioneiros.
_Não
faz muito tempo, Sua majestade promoveu o grande espetáculo decapitando um
suposto traidor. -falava Obadian mantendo seu riso sarcástico. _Pois bem, o que
“Vossa Majestade” acha de ser o protagonista do espetáculo de hoje? Homens o
tragam até a praça principal.
Sinclery
não sabia o que se passava no coração de Cronder, mas viu no rosto do rei a
sombra do medo. Mesmo que se mantivesse em silencio, o seu corpo gritava a
verdade. Estava tremendo e seus olhos estavam esbugalhados. Quando por fim
abriu a boca, já com a cabeça posta sobre o pedestal foi apenas para gritar
pragas e maldições. Feito um prisioneiro condenado o rei Cronder foi morto.
Cronder,
o Bravo, morreu gritando maldições e com medo nos olhos. Não houve bravura em
sua morte. Apenas terror e lamentações. Sua cabeça foi colocada numa estaca
acima do portão oeste da cidade de Shadarph, capital do reino de Stavianath.
Cadê a continuação???
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