quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Os reis Magos

Uma estória narrada por Fewbior, o bardo.
Eras atrás, muito antes das grandes batalhas contra os Kandors, existiram no continente vermelho, quatro famosos reis que se entregaram ao caminho da magia. Seus nomes eram; Zambualú, Dishar, Kalieslym e a rainha Sanozama. Juntos eram os mais poderosos magos do continente. Eram inimigos declarados de Kuran. Se, possuíam desejos de justiça ou inveja, não se sabe.
Zambualú era um forte homem negro. Reinou em Cananor com bondade e sabedoria para com seu povo. Um homem viril. Amante das mulheres e da vida. Também um mago determinado. Até mesmo quando sua pele começou a enrijecer como pedra ele não desistia de sua magia para o benefício de seu povo. Dominava os caminhos mágicos da terra e das plantas. O solo tremia diante dele mais também germinava as sementes que seu povo plantava.
Dishar era um silberiano de pelagem escura. Destinado a ser mago pelos costumes de seu povo. Possuía uma paciência invejável, o que lhe rendeu vários méritos como mago e garantiu lhe o título de “chakar” (chakar é o correspondente a rei em Silber-Gor). Era um mestre na meditação. Seus caminhos eram o ar e a luz. Viveu apenas trinta anos, morrendo cego e com problemas respiratórios. Contudo os seus feitos se tornaram lendários e são descritos até hoje.
Kalieslym era nobre e sábio. Tornou-se rei em Hellin-Odel muito jovem porem viveu pouco para o padrão dos humanos. Um desafiador do desconhecido e observador das estrelas. Sua vida era dedicada a proteger seu povo e a estudar as artes mágicas. Seu caminho era o fogo e com o fogo ele combateu o ataque de Strygum, um famoso dragão perverso daquela época. Também se dedicou no caminho da magia referente a humanos, pois precisava sarar a si mesmo de suas chagas que brotavam em sua pele em forma de dolorosas queimaduras. Dizem que ele morreu em uma explosão em sua torre causada por um rito. Seu corpo nunca foi encontrado.
Sanozama foi uma rainha misteriosa. Dizem que ela era má. Seu povo, os stavianathos, a temiam. Ela era uma mulher linda e muitos reis propunham uma união nos laços do matrimonio, em vão. Seus pensamentos estavam voltados apenas para os caminhos da magia, que eram das trevas e da água. Era uma feiticeira de prestígio em seu reino, fato que afastava os inimigos. Dizem que certa vez matou todo um acampamento militar envenenando a água que bebiam. Ocultou se nas trevas da noite e entrou e saiu do acampamento sem ninguém perceber. Ela desapareceu aos quarenta e cinco anos. Dizem que as trevas envolveram seu corpo. Como ela não tinha herdeiros, ela foi a ultima de sua linhagem a reinar em Stavianathos.
Mas, o que esses reis magos possuíam em comum? Bem, meus caros, cada mago possuíam um artefato místico de poder. (para efeito de jogo os artefatos possuem três pontos de magias extras que podem ser utilizados por qualquer um sem que sofram as seqüelas da magia.)
Zambualú possuía um machado de guerra capaz de abrir uma fenda no solo com um só golpe. Dishar possuía um cajado com o qual era capaz de controlar os ventos sendo possível até mesmo levantar pequenos vôos. Kalieslym possuía uma espada flamejante com a qual enfrentou Strygum, o dragão. E pelo que dizem essa espada tem o poder de defender chamas de dragões. Sua espada também possui uma bainha mágica que mantinha a espada sem poderes mágicos, ou seja, quando ela estava embainhada não emitia sinais de magia sendo impossível detectá-la com poderes de detecção de magia. E por fim, Sanozama possuía um arco capaz de transformar todas as flechas lançadas por ele em flechas envenenadas. O veneno das flechas é mortal e somente uma segunda flechada possui o poder de anular o efeito da primeira flechada.  
O que aconteceu com estes artefatos mágicos? Bem meus amigos, isto ninguém sabe, mas ouvir um boato que Pendrion, o rei de Thur-Hurker, tem informações do paradeiro dos artefatos e está oferecendo uma enorme recompensa para quem se aventurar em conseguir encontrar estes artefatos para ele.
Fim.???


quarta-feira, 24 de julho de 2013

A História de Stronwner

Stronwner correu em direção à vila temendo o pior. Sabia que se os elfos negros tivessem escolhido o caminho do vale estreito provavelmente se deparariam com o vilarejo. Seria um total massacre. Inevitavelmente começou a lembrar das antigas histórias da infância. Rituais macabros feitos em noites em que as duas luas estavam maiores. Um rito de morte. Um insulto à deusa.
“_Tenho que avisar a população.” Pensava enquanto corria desesperado. A lembrança de sua irmã brincando dentro do cercado próximo a cabana enchia seu coração de tristeza e angustia por pensar no pior.
Era uma noite fria e escura. Seus olhos mal conseguiam enxergar o caminho que já percorrera tantas vezes. Cada passo parecia uma eternidade. Seus olhos estavam embaçados pelas lágrimas que escorriam de seu rosto. Stronwner não sabe no que tropeçou. Quando se deu por si já estava em queda livre barranco abaixo. Seu corpo rolava e todo esforço para parar era em vão. Sua última visão foi uma pedra enorme incrustada ao solo que veio em direção ao seu rosto provocando lhe uma terrível lesão no rosto e um nocaute inevitável.
Quando acordou a luz de Álax queimava em seu rosto. A claridade do dia agredia sua visão. Foi uma fração de segundo para o pânico dominar sua mente e ele correr novamente em direção ao vilarejo. Não sabia por quanto tempo ficara desacordado, mas se agarrava aos últimos vestígios de esperança. Em vão. Quando avistou os primeiros sinais de fumaça deve certeza do inevitável destino de seu vilarejo. Começou a gritar e chorar enquanto seus pés fraquejavam. Corpos carbonizados, mutilados e visivelmente torturados formavam uma pilha no centro do vilarejo destruído. Caiu diante do que outrora fora seu lar e ali permaneceu chorando até o anoitecer. E seu pranto adentrou a noite e raiou o novo dia. 
“_Por quê? Deuses qual ofensa nós pobres camponeses poderíamos ter feito a vocês?” Questionava em voz alta.
Depois de muito chorar, levantou se e começou a andar. Andava sem rumo, a esmo. Se alimentando raramente. Sua barba se tornou espessa, seu corpo sujo. Nas ruas de Lineaton (cidade de Hellin-Odel) viveu como indigente por cinco anos até que certo dia, ao acordar ainda com a cabeça doendo por causa do excesso de bebida do dia anterior, viu um homem lhe estendendo a mão.
“_Vá se ferrar... não preciso de ajuda.” respondeu asperamente ao homem que lhe estendia a mão.
Este por sua vez, tirou o capuz que cobria parcialmente seu rosto revelando um rosto jovial e sorridente. Com cabelos dourados e olhos esmeraldas. Mas foi as orelhas pontudas que fez Stronwner relembrar do passado com desgosto.
            “Elfo desgraçado... foi tua laia que destruiu minha família.” Esbravejou golpeando em direção ao elfo que rapidamente se desvencilhou do golpe recuando para trás como que tivesse flutuado no ar. Obviamente fora os elfos negros, que em nada mais se aparentam aos elfos, que destruíram o vilarejo de Stronwner. Mas o ódio alimentado por anos entorpecia a mente de Stronwner.
            O elfo sem jamais parar de sorrir amigavelmente fez um gesto com as mãos e disse “_ Alinahar Omenoer Dalla”. Imediatamente Stronwner se acalmou e reconheceu que aquele elfo em nada se parecia com os elfos que trouxeram lhe tanta tormenta.
            _Venha irmão, Iévine viu sua dor e compadeceu de ti. Disse o elfo estendendo lhe à mão. Stronwner não sabe ao certo porque segurou a mão do elfo, mas o seguiu.
            Aquele elfo era Glorderfyn, o alto sacerdote de Iévine na ilha de Celetrion.  Stronwner aceitou ser um sacerdote de Iévine e o próprio Glorderfyn foi seu mestre. Em seu íntimo, Stronwner queria apenas ficar mais forte e ter poder para um dia vingar seu povo.
            Dezoito anos se passaram. Stronwner se tornou um grande clérigo de Iévine. Ajudou famílias que como a sua haviam vivido os terrores de um massacre. Lutou contra ordas de orcs e outras criaturas que ameaçavam a vida pacífica dos mais fracos.  Foi representante eclesiástico perante reis para a promoção da fé em Iévine e ajudou a fundar vários templos da deusa em Hellin-Odel. Os anos haviam cicatrizado sua dor. E fazer o bem aos outros curou sua alma.

            Certo dia, ao caminhar pelos bosques no raiar do dia, ouviu um grunhido melancólico que vinha de traz de uma enorme pedra. Ao averiguar o que se tratava se deparou com um elfo negro preso pela perna em uma armadilha feita para capturar ursos ou criaturas de semelhante porte. Verdade era que o elfo negro jamais conseguiria desvencilhar da armadilha sem ajuda. A criatura resmungava de dor e incomodo causado pela claridade do dia que é um verdadeiro tormento a sua espécie. Primeiro Stronwner pensou que poderia ser uma recompensa da deusa por seus anos de dedicação e que pelo menos poderia ter uma vingança simbólica. Mas ao ver aquela criatura infeliz que agora lamentava sua sorte com múrmuros chorosos percebeu que não se comprazeria com a vingança. Stronwner era um homem mudado. O elfo negro se encolheu temendo o pior quando Stronwner se aproximou. Para a surpresa da criatura Stronwner empenhava toda sua força para tirar o elfo da armadilha. O elfo arregalou os olhos sem entender mais logo começou a fazer força também e juntos conseguiram libertar a perna do elfo negro. A felicidade estampada no rosto do elfo negro era visível. De repente ele pulava de alegria ignorando a dor de sua perna. Stronwner sorriu ao ver a felicidade da criatura. O elfo sorriu e se curvou em agradecimento a Stronwner mais ao se erguer novamente seu sorriso se transformara em um grito de ira e com um punhal que trazia escondido em suas vestes golpeou Stronwner no peito perto do coração. Stronwner que fora pego de surpresa caiu ao solo e o elfo negro saiu correndo soltando gargalhados jubilosas pelo seu feito.
            Stronwner acordou com um homem lhe dando água para beber. Ele bebia com dificuldades.
            _Sabes que morrerás, não sabe? Perguntou o homem que segurava seu rosto para apoiar sua boca no gargalo do odre de água. _As lâminas dos elfos negros são envenenadas.
            _Sei... hurrrg, obrigado ir...mão. Eu...
            _Não sou seu irmão. Batalhamos com esses elfos negros a noite toda, algumas milhas daqui. Estávamos assistindo a esse infeliz se debater diante da luz, pois seria certo que morreria. Mais aí você apareceu e cometeu aquela tolice.
            Ao olhar ao redor viu outros homens igualmente vestidos. Com armaduras e capas vermelhas. Reconheceu o símbolo que ostentavam no peito. Eram sacerdotes de Bël-Teâncun.
            _Se lhe serve de consolo, nós matamos o infeliz que lhe causou tal infortúnio. Disse o homem que era alto e forte com rosto severo e cicatrizes espalhadas pelo braço.
 Aquele homem era Benranur, Grande sacerdote de Bël-Teâncun.
 _Agora percebes que tolice foi sua vida sendo devoto de uma deusa tola? O mal destruiu esse mundo e a única solução será a destruição de tudo para que possa haver um recomeço da vida onde esses males não existirão. Falava Benranur. _Agora retornas ao vazio sem nada como recompensa.
_A vida ...que vivi, as pessoas que salvei... e os sorrisos que pude ..hurrrng..verrr. O nascer de uma criança e a alegria da mãe.... O cantar dos pássaros. A força ... que adquiri quando superei ..hurrrg ...uma grande perda... irmão,...que recompensa poderia eu querer?? A vida em si é a maior... recompensa... Acabo feliz, pois tive e pude proporcionar..aarrgh.. a muitas...pesso...ass , momentos felizes.
E segurando firmemente o braço de Benranur Stronwner disse:_ Irmão... tenha fé na vida. E dito isso morreu.
Benranur ergueu o corpo de Stronwner e o levou até as portas do templo de Iévine. Lá chegando os sacerdotes de Iévine ali presentes quiseram agredir Benranur, pois acreditavam que ele era a causa dos ferimentos de Stronwner e que aquilo era apenas um grande insulto e uma batalha parecia eminente, pois os sacerdotes de Bël se prontificaram para defender o seu líder. Todavia Glorderfyn entreviu, pois era seu dom saber tudo antes que qualquer um falasse algo. Ele recolheu o corpo de Stronwner dos braços de Beranur e disse.
_Obrigado irmão. Isto foi um ato de bondade.
_Entenda como quiser. Eu apenas admiro um homem que acredita em seus ideais mesmo diante do fim. Respondeu Benranur e saiu seguido por seus homens.
Esta foi à história de Stronwner, sacerdote de Iévine. E quem o conheceu diz que ele era um bom homem. 

                                                                                                                                                                                     Fim


segunda-feira, 27 de maio de 2013

O Fantasma de Fogo

E aí, rpgistas? Tudo beleza??? Primeiramente peço desculpas pela demora nas postagens. O que era pra ser semanal está se tornando mensal. Mas é por causa dos meus estudos e espero compensá-los com essa boa estória sobre os silberianos (a raça felina de Eralfa). Junto com ela coloquei uma ficha de caçador silberiano no sistema Daemon para vocês utilizarem em suas próprias cronicas. Uma boa jogada aos fãs de rpg e de leitura. Boa leitura a todos.

                O fantasma de fogo
 Do alto de uma árvore o jovem silberiano observava a movimentação na estrada abaixo. Era a chegada dos caçadores com o resultado de uma semana de caça. Eleshy não via à hora de reencontrar com seu pai, o chefe dos caçadores.  Eleshy pulou de um galho ao outro com velocidade felina. Agarrando-se a um galho com sua cauda e rodopiando no ar se deixou cair em queda livre em direção ao chão detento à queda apenas no último segundo arranhando o tronco da árvore com suas garras afiadas no processo.
   O jovem silberiano atravessou o pequeno vale verdejante em poucos segundos. Seus pulos largos demonstravam toda sua juventude silberiana.
  _Pai,... Pai! Como foi a caçada? _Perguntava o jovem ansioso. O pai do garoto apenas o encarou com um olhar de reprovação. Foi quando o garoto silberiano se deu conta dos fatos. Todos os caçadores estavam em pesaroso silêncio. Dentre eles estava Kwoshy, um reconhecido caçador. Seu braço continuava sangrando mesmo enfaixado por um retalho de pano.
            Ao entardecer, o jovem Eleshy, que havia esperado ansioso perto do salão de cura durante o dia todo, viera, a saber, do ocorrido. Os caçadores haviam ido caçar perto das montanhas Ohdun. Estavam bem próximos do caminho que leva ao “cemitério dos gatos” quando uma névoa escura cobriu tudo ao redor deles. Todos se juntaram em circulo, um de costas para o outro e aguardaram em posição de combate. Foi quando de repente, do meio do nevoeiro, surgiu um silberiano montado num squala (Squala é um animal parecido com o avestruz porem com características reptilianas. Os silberianos treinam esses animais para serem montarias de combate). Seu corpo era flamejante como se tivesse em constante combustão. Ele veio em direção aos caçadores e seu rosto parecia estar em terrível agonia. Seu grito era uma voz suplicante e lamentosa, contudo, em sua mão estava uma espada de aço em brasa viva. Todos estavam pavorosos com a terrível aparição e somente quando a criatura desferiu um golpe no braço de Kwoshy é que eles despertaram para o ataque. As investidas da criatura se repetiram por varias vezes e nenhum golpe do grupo de caçadores parecia ferir a lamuriosa criatura. Nem mesmo as flechas certeiras de Washy, o ponta d’alma, pareciam surtir efeito.
            Ao cair à noite, no segundo período de Erius,Kwoshy feio a falecer consumido por uma febre demoníaca. A ferida por si só não parecia grave, mas os curandeiros disseram que forças maiores o haviam levado.
            Eleshy não pode deixar de notar o triste lamentar de Jéschy, a filha de Kwoshy. Eram ensinados a aceitarem a morte desde cedo, mas ninguém estava preparado para quando ela visitava sem o menor aviso. Principalmente em tempos de paz como aqueles dias.
Eleshy encontrou seu pai pensativo em cima de uma pedra no penhasco dos observadores. Eleshy viu que seu pai estava perdido em devaneios e não quis incomodar. Apenas sentou ao seu lado e ficou observando a vista diante deles que era fabulosa. A imensidão do mar revoltoso refletindo as duas luas produzindo um colorido vermelho-azulado em suas águas.
“_Era Nyglan, tenho certeza de que era... mas... não poderia... ou poderia?”Resmungou para si mesmo o pai de Eleshy.
_O que disse pai? Perguntou o filho preocupado.
_Não é nada meu filho. Filho..._dizia o pai respirando fundo como se tomasse folego para uma árdua tarefa. ...você conhece o templo de Cunomn certo?
_Claro pai. É onde o deus Cunomn, o observador, desce e nos traz moedas para a nossa economia prosperar e podermos compartilhar entre nós os frutos de nossos trabalhos de forma organizada. As primeiras moedas foram dadas aos sacerdotes de Cunomn para serem distribuídas para o povo sob a responsabilidade do chakar.
_Vejo que você prestou bastante atenção nas estórias do bom Jerlmy, hein?!
_As estórias dele são verdadeiras lições sobre nossa história. Ele fala de nossos antepassad...
_O bom Jerlmy nem sempre é fiel aos fatos... _interrompeu o pai.
...não o leve a mal. Em breve ele terá que fazer a jornada e nesses tempos de paz contar estórias é sua forma de aguardar o dia de sua última jornada.
...Você já viu uma arma de aço, filho?
_Já sim. Respondeu o jovem com tom animado como que revela uma proeza feita para seu pai. ...Certa vez vi uma caravana de homens de markden e alguns deles possuíam aquelas espadas brilhantes e afiadas.
_Pois bem. _disse o pai. Vou lhe contar uma história e quero que você guarde segredo sobre ela, tudo bem?
_Pode contar pai. Prometo que será segredo sagrado.
“_Bom, no principio de nosso povo, quando os primeiros silberianos povoaram as florestas de Goath, o único povo humano com o qual tínhamos contato eram os markden como tem sido até os dias de hoje. Embora aquela época fosse muito mais frequente. Os markdenos queriam explorar nossas terras e vendo eles que não permitiríamos nos fizeram uma proposta em troca de ouro prata e ferro. Eles nos ensinaram o poder de fundir metais.Contudo tal prática era muito perigosa para nós, pois tínhamos que manipular o fogo, nosso maior temor desde tempos imemoriais. Contudo apesar de não termos levado adiante a ideia de forjar itens de metal de maior tamanho, reunimos os mais corajosos entre nós e construímos o templo de Cunomn. Esses corajosos que foram reunidos se tornaram os primeiros sacerdotes de Cunomn, os forjadores de moedas. Foi assim por muitos anos e tem sido assim até os dias de hoje, mas foi com Nyglan, o ousado, que a história deixou uma trágica marca em nosso povo. 
Nyglan era um bom sacerdote de Cunomn. Forjava as mais belas moedas para o chakar. Contudo sua coragem e ousadia eram conhecidas por todos. Chegava a ser loucura. Nyglan até tentou conseguir autorização do chakar para forjar armas de metal. Pregava para todos os avanços e as maravilhas do metal fundido. Com a recusa do chakar Nyglan o desafiou para um duelo. Os outros chakars, vendo que era uma rivalidade pessoal, consentiram o combate e juraram não interferir.
O combate foi no vale da vitória, aos pés da montanha Organ. O chakar portava seu machado de osso e Nyglan, surpreendendo a todos apareceu com uma lamina markdena, feita em aço genuíno. Nyglan venceu o chakar matando-o com um golpe certeiro na cabeça.
Naquela mesma noite, investido dos poderes políticos de chakar, ordenou a criação de uma forja maior no templo de Cunomn. Quando a forja ficou pronta ele deu inicio ao seu empreendimento. O fogo crestava as paredes do salão. O calor amedrontava os outros sacerdotes, mas nos olhos de Nyglan, uma obsessão louca brilhava. O metal enrijecido logo começou a derreter como gelo ao brilho forte de Álax ao nascer do dia. Nyglan não percebeu quando uma pequena fagulha levantou-se ao movimentar do vento e caiu sobre seu ombro. A pequena fagulha chamuscou seu pelo e logo alastrou sobre seu corpo. Em desespero, Nyglan derrubou o equipamento da forja e o fogo ateou rapidamente pelo salão. Os sacerdotes fugiram amedrontados pelo fogo ignorando os gritos de desespero de Nyglan. Logo todo o templo estava em chamas propiciando um cenário de terror para todo o povo que observava de longe. Quando menos se esperava, Nyglan saiu de dentro do templo em chamas, correndo com o corpo todo coberto pelo fogo, e gritando palavras inteligíveis, abriu caminho por entre a multidão correndo em direção à floresta. Em seu caminho deixou um rastro de fogo que se espalhou por grande parte da mata queimando muito da vegetação ao redor. O corpo de Nyglan jamais foi encontrado. Ao término do incêndio, os sacerdotes decidiram morrer em ritual para por fim a vergonha de terem fugido do templo. Todos respeitaram suas decisões.”
O jovem silberiano olhava para seu pai com olhos regalados...
_Quando aquela criatura apareceu..._falava o pai. ...por um momento eu pensei estar diante de Nyglan. O mesmo Nyglan do qual ouvi falar em minha juventude.
_Será pai? _perguntou o jovem Eleshy.
_Acredito que seja só um devaneio meu, meu filho. Amanhã irei junto com o grupo de guerreiros e investigaremos o ocorrido.
Os dois agora fitavam o mar revolto no horizonte.
_Pai?...
_Sim, filho...
_Tome cuidado!
_Pode deixar meu filho.




 FIM.
Por Fabiano Enoque

 Caçador de Silber-Gor
Custos: 3 pts. de Aprimoramento, 320 pts. de Perícia.
CON 11-17, FR 11-19, DEX 16-22, AGI 17-23, INT12-16,WILL
12-18, CAR 09-15, PER 14-18.
Ataques [2], IP 0, (ou de armadura de couro [2]), PV11-21.
Perícias: Camuflagem35%,Disfarce 20%, Esquiva 25%, Escutar30%, Montarias 15%, Rastreio 35%, Armadilhas 35%,Furtividade 40%, liderança 30%, Sobrevivência (selva) 55%, Intimidação 30%, herbalismo 20%.
Espada de osso30/30, Arco40/_, Rede de caça35/_.Faca 20/20.
Garras30/10dano1 D3+bônus

Aprimoramentos: Medo de fogo (negativo); -1pt. Senso de direção; 1p ;Sentidos aguçados (visão e audição); 2pts. Pontos heroicos; 3pts.



segunda-feira, 29 de abril de 2013

A MÁSCARA INVICTA_ CONCLUSÃO

A Máscara Invicta
Conclusão.
Por Eduardo Motta.
As brumas cobriam tudo. O homem caminhava, ou talvez voasse. Não sabia ao certo. Em algum lugar seu corpo sofria. Mas não ali. Tudo a sua volta transparecia pazsolenemente duradoura. Contudo, a paisagem foi se dissipando ante seus olhos e logo já não havia paz. Estava deitado sobre o solo. Percebia agora as feridas. Porém toda a sensação de dor se fora. As chamas penetraram muito fundo em sua carne. Fundo demais para que pudesse sentir algo. Seu braço direito já não o obedecia. Com muito custo, pois se de pé a tempo de perceber uma desesperada Ária que tentava se proteger dentro de um circulo de chamas que detinha a fera por um tempo. Tomado de uma força sobre humana ele começou a dirigir se para a fera. A princípio lentamente, mas, aos poucos ganhando velocidade e num instante tudo havia desaparecido.
 Quando pode voltar a si, a primeira coisa que percebeu foram os olhos de Ária e logo em seguida um brilho funesto que envolvia tudo. O homem fechou os olhos e esperou o golpe, mas as chamas não o feriram novamente. Tudo o que sentiu foi um forte impacto às suas costas que o lançou ao solo novamente. Ao se levantar, Ária estava a sua frente novamente. Não a velha Ária, mas uma de outros tempos. Bela e radiante a sorrir-lhe. Tudo durou apenas alguns segundos, pois a imagem foi se tornando pálida e por fim dissolveu-se ao vento. Ele tentou agarrá-la, mantê-la de alguma forma. Era inútil. Nada restava.
E a voz chamou-o mais uma vez. A voz que a desgraça espalha. Ao virar-se percebeu aquele olhar hostil que o espreitava. O mesmo que por muito tempo fora seu único companheiro. A criatura estava morta pelo poder que Ária invocara, mas não aquele rosto que zombava de sua dor, aquela máscara.
Fraco pelo pesar, o homem foi aos poucos se entregando aquele mesmo desígnio que fora dantes sua queda. Mais uma vez tinha a velha máscara em suas mãos e ao coloca-la tudo sumiu numa terrível escuridão. Já não restava pensamento algum até que uma dor pungente o trouxe de volta. Uma grande espada perfurara suas costas e agora se projetava de seu peito. Tentou tatear o lugar e então percebeu que aquela mão não era a sua, mas sim a mão da fera. Tentou gritar, mas o som que saiu foi um urro assustador e pela primeira vez compreendeu que ele próprio era a fera.  A criatura. Pela primeira vez compreendeu que ele mesmo era a fera. Quando levantou o olhar, lá estava Lorena Tão idêntica a Ária. Dos olhos da moça corriam lagrimas e uma palavra se formou nos lábios dela, mas logo foi engolida pelo silencio.
“_ Trimi.”Chamou a voz. O menino brincava em meio à ruinas deixadas pelos primeiros habitantes daquela região.
“_Trimi, Trimi”... insistia. E o garoto jaz em seu mundo não ouvia nada.
_Trimi, aí esta você. Uma mão tocou-lhe no ombro e quando se virou viu sua mãe. Não estava sozinha. O duque estava com ela. O mesmo que outrora o havia chamado de filho.
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        Epílogo...  

Noutro lugar...
_Quem é? Perguntou uma voz áspera junto à porta.
_Flecha-Rubra, respondeu o homem revelando o rosto ocultado pelo manto. Era de cor morena, com longos cabelos negros e trazia um arco nas costas.
_Aproxime-se Flecha-Rubra. Falou alguém tão logo adentrara a um grande salão. _Cumpriste o que lhe foi ordenado? Perguntou.
Flecha-Rubra ouviu a voz. Era estranha. Não viu o rosto de seu entrevistador, pois todos que estavam presentes usavam uma mascara assim como trajavam longos mantos que cobriam todos seus corpos. Havia ao todo quatorze pessoas no grande salão. _Sim. Respondeu por fim.  _A fera está morta como me fora ordenado, senhor.
_Alguma testemunha?
_Não. Respondeu Flecha-Rubra. A mulher guerreira e Dárien estão mortos. Enquanto falava pode ver mentalmente a imagem.
_Melhor assim! Exclamou alguém no outro canto do salão. _Pode se retirar-se.
_Sim senhor!
        Flecha-Rubra deixou o recinto e tomou um caminho diferente do qual havia chegado. Um pouco distante enfiou a mão em seu manto e puxou a velha máscara. Não conseguira destruí-la, mas a guardaria longe o suficiente para que ninguém mais a pudesse usar...

                                                                                                    
                                                                                                     Eduardo Motta

sexta-feira, 12 de abril de 2013

A Máscara Invicta_ Sexta Parte


A Máscara Invicta
Parte VI
Por Eduardo Motta.
Um dia, um grupo singular chegou à pequena aldeia. Uma velha e outra jovem em trajes que se diria, pronta para a batalha. Seguidas por um jovem que ostentava os símbolos da nobreza em seus trajes, acompanhado por dois guerreiros, homens forjados no calor da batalha. _O que estariam fazendo ali? Ninguém o sabia. Uma coisa era certo, algo estava por acontecer.
Os viajantes pareciam cansados. Se os olhassem de perto, ver-se-iam as marcas que em outros tempos foram feridas.
_Tudo poderia ter acabado ali. Dizia Lorena para si mesma enquanto procurava com o olhar por Ária que estava a alguns passos atrás.
“_Não. Não conseguiria.” Ária mentalmente refletia. Parecia vagar num plano além. Seu coração parecia não lhe dar sossego. Era como se a mente de todos estivesse conectada em um mesmo ponto. Então o jovem filho do duque falou:
_Era nosso dever ter feito com que isso parasse.  Havia muita amargura em sua voz. Isso fez com que as palavras soassem como uma grave acusação. _Falhamos miseravelmente! Continuou, contudo, ao encontrar o olhar de Ária sua voz embargou. Todos sabiam seu dever, ou pelo menos o desfecho da deliberação que tomaram. Haveria sofrimento. Isto era mais que certo.
Aquele dia correu lento, mas quando veio à noite, um vento impiedoso desceu e fustigou os campos com seu frio hálito.  Os astros noturnos Erius e Fabus projetaram uma luz espectral envolvendo toda paisagem enquanto o silencio engolia tudo.
Todavia, naquela noite um velho incauto, pega um caminho diferente indo para a floresta ao invés de ir pra casa. Estava bêbado. Balbuciava, e hora caia para em seguida reerguer-se sofregamente. Por fim recostou-se a uma pedra e ali ficou a profanar o silencio noturno que, naquela noite poderia se dizer, tinha algo quase sagrado.O tempo correu lentamente enquanto o ébrio homem cantava sua canção. Uma canção que evocava lembranças de amores fatídicos, corações lacerados e guerras acontecidas há tanto tempo que não se podia precisar ao certo. Contudo, o que o incauto homem não sabia era que a noite não era sua única plateia. Havia algo mais. Uma sombra deslizava entre a noite. Quase tão silenciosa quanto o próprio silencio.  E muito mais terrível.
Uma gargalhada percorreu a noite. Era terrivelmente familiar. O homem despertou de seu sono. Sonhara com a floresta aquela noite, e também com um velho bêbado. O mesmo velho que ao entardecer seguira em direção à mata com uma garrafa de hidro mel markdeno a despeito das advertências dos aldeões. O homem estava em seu leito coberto de suor. “Aquilo não poderia ser apenas um sonho”, pensava. A imagem era nítida por demais. Sem refletir, levantou-se e foi na direção que seu sonho indicava.

Noutra parte não muito retirada da aldeia,Ária estava aflita. Sabia que o momento havia chegado, mas Lorena e Dárien tinham ido até o outro lado da floresta e demoravam muito a chegar. Um terror crescia na noite e ela bem o sabia. Já o sentira há dias. Mas hoje era diferente. Estava ali e já cansada da longa espera, decidiu ir encontrar aquela terrível sombra. Envolveu se em seu manto, pegou seu cajado e começou a subir a colina acima da maneira que seu maltratado corpo permitia.
Tamanha foi a sua surpresa ao vislumbrar, mesmo através da noite, um corpo, ou o que sobrara dele, um pouco a frente e junto a ele, aquele que um dia fora seu amante. “_Tenho de ser rápida.” Falava para si mesma. Se falhasse, poderia ser o vim. Pensava Ária.
O homem não a percebera. Isso era uma grande vantagem. Ária concentrou-se em um ponto qualquer em algum lugar na noite. Em algo que só ela via enquanto invocava o “poder”. As palavras eram difíceis, mas já estava acostumada a pronunciá-las. Quando criança sua mãe a ensinara e ela não se confundiria agora. As palavras saíram num ritmo hipnótico e logo uma centelha brilhou em frente à Ária. Num breve instante um clarão se fez visível na paisagem e foi tudo que o homem pode ver antes de ser engolido pelas chamas terríveis.

Ária olhou em volta, as chamas provocaram uma grande destruição lançando em meio às pedras o corpo do homem que ela amara em toda sua vida. O fogo o maltratara nitidamente. Já não poderia viver. Uma dor aguda se apoderou da mulher embora soubesse que era o certo a fazer. Tentou recompor-se, mas suas pernas não a obedeciam. Conjurara muito poder e pagava o preço por tal ato. Ela queria correr e abraçar ao menos uma vez aquele corpo e implorar lhe perdão por tudo, mas como? Era forçoso mesmo manter-se de pé.
As chamas produziram um forte clarão no céu e isto chamou a atenção de Lorena e Dárien que ao perceberem tomaram aquela direção. Infelizmente eles não foram os únicos a notarem o acontecido, pois em algum lugar uma sombra foi atraída para aquele ponto e colocou-se a caminho, terrível.
As forças de Ária começavam a voltar enquanto num vislumbre ela pode perceber algo que surgia da escuridão em meio aos arbustos. A criatura se fez visível. Ária ficou aflita. Não era possível conjurar o poder. Tentaria retardar a criatura, esperando que alguém mais houvesse visto o brilho da explosão.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A Máscara Invicta_ Quinta Parte


A Máscara Invicta

V Parte.

Por Eduardo Motta.


“_Trimi”. Ecoava uma voz por entre as velhas ruínas, junto às antigas colunas deixadas pelos primeiros homens que habitavam a região da velha torre, símbolo de poder e glória encimada pela pedra do Dragão. _Trimi, onde está você? Insistia a mesma voz aflita, cheia de cuidados. Uma voz de mãe.
 Lá embaixo, junto ao velho regato estava uma criança; lutava contra soldados de pedra que ela mesma criara. Um pequeno porrete, sua espada. Contudo, a voz insistia muito aflita. O menino absorto em sua fantasia não ouvia nada. Então, tudo se esvaiu como num sonho. Aqueles dias foram ficando cada vez mais distantes.

“_Onde está Trimi?” Perguntou uma voz áspera há muito temperada nas agruras da vida. Uma voz de quem aos poucos foi perdendo o afeto, os sonhos. Uma voz ao qual o dever é seu único regente. O mais impiedoso dos monarcas.  
O jovem está distante. Lá embaixo ouvem-se os cavalos, o barulho da multidão. Vê-se o garbo dos cavaleiros. O duque está lá. Não veio só. Sua mais nova esposa veio também. Nada como o tempo para aplacar velhos amores.

“_TRIMI.” Chama a voz. Uma voz que espalha a desgraça. Que fala aos ouvidos dos degredados, dos desesperados, de quem sofre grande vexação. E o homem, após caminhar toda a noite, em meio à colina, solitário sob a luz dos astros, encontra uma velha máscara, sua única companheira naquele isolamento. O homem em seu infortúnio zomba de si mesmo, pois sabe que, seus desejos já não conta. Não tem direito algum. Deve se calar indefinidamente. Por toda uma vida talvez. Agora ele é apenas um cão. Errante pela noite. Seus trôpegos pés o levam até o velho regato. Ele mira-se nas águas, e sem saber por qual nefando designo, o homem coloca a velha máscara.
“_Trimi, Trimi...!” Chama a voz, doce e alegre. Uma voz que afaga e aconchega. _Trimi, onde você está? Mas o menino brinca entre as ruinas. Sua luta encarniçada contra um pétreo exército está apenas começando. _ “Trimi...!” Continua a voz. Mas o menino não responde.


É noite. Os astros noturnos já se mostram no firmamento. Radiantes. O homem vem vindo pelo caminho. Sobre o dorso, a caça. Uma espada curta pende em sua cintura. Ele está cansado, porem, feliz. A felicidade do dever cumprido. Ele sabe que em casa o esperam. Ter um lar onde se possa abrigar do frio. Perto da aldeia ele para. Lembra-se de um sonho. Um sonho que evocava outra vida, mas ele balança a cabeça e toma a direção de sua casa. Então ele tem uma casa... Mas como? Quando? Não se sabe ao certo. Um dia ele acordou. Vagara demasiado tempo num pesadelo. Isso sim sabia. Seu corpo ardia, mas as feridas se foram assim como qualquer outra lembrança de uma vida anterior.

Dizem os aldeões que num dia, quando os homens atrás de alimentos vasculharam bem mais ao norte a floresta, depararam com vestígios de alguma batalha acontecida. E um pouco mais afastado da cena, estava um homem malferido. Achavam que morreria logo, mas assim não foi e os homens decidiram trazê-lo para a aldeia embora não nutrisse a esperança de poder salvá-lo tamanha era à gravidade de seus ferimentos.
Os dias transcorreram. O homem não morrera. Apegara-se a vida, a despeito de suas muitas chagas. A febre veio e se foi. Também as convulsões e os delírios. E todos os males de um corpo extenuado. Só que como por milagre todos partiram, carregando consigo até o último vestígio da memoria. O homem se recuperou, mas parte da sua memoria estava perdida, talvez para sempre.  “_Qual é o seu nome?” Indagavam. Ele não o sabia. Por mãos que tentasse, era inútil. Tinha isto ao certo. Afinal não há coisa que caminhe, voe, nade, rasteje e tantas outras coisas que se possa numerar que não possua um.  Por fim, deu lhe um nome cujo significado era “viajante”, pois era essa sua condição temporal e atemporal.
Como não tivesse onde se alojar fora acolhido por um casal de idosos da aldeia onde era tratado como um filho pelo gentil casal. Filho este que morrera de febre anos atrás. Em retribuição, ele fazia todas as tarefas que se exigia grande esforço. Além da caça, na qual se destacava grandemente. E assim, os dias foram se passando. E pela primeira vez em muito tempo o homem se sentia parte de algo Contudo, uma sombra ainda comprimia seu coração. Em algum lugar algo o espreitava. Não sabia onde, mas o sentia. Percorria a mata a noite na certeza de encontrar, porem, não havia nada. Somente o silencio atroz. Esse sim estava presente.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A Máscara Invicta_ Quarta Parte


         A Máscara Invicta

IV Parte.
Por Eduardo Motta.
        Um tenso nevoeiro cobrira tudo. Era impossível enxergar a poucos metros à frente. No entanto, o homem não se incomodava com nada daquilo. Tudo estava na mais completa paz. A voz da criatura na sua cabeça havia desaparecido. A única coisa que restara era a dor, mas não ali.
        O homem sabia que em algum lugar seu corpo era consumido por uma dor lacerante, mas não ali entre as brumas. Ali ele apenas caminhava, ou voava. Não sabia ao certo. Contudo, algo acontecera. As imagens eram vivas em sua mente. Em algum lugar uma batalha aconteceu, podia se ainda sentir o cheiro de sangue. Os gritos ainda reverberavam em sua cabeça, embora muito distantes. Sim. Com o auxílio da memória era possível ver os olhos da criatura a espreitar um grupo de caçadores que adentraram a floresta. “_O que procuravam ali?” Pensava. A muito já não havia o que caçar. Todos os animais se foram. Um completo silêncio que apenas a respiração do incauto grupo se insistia em se fazer ouvida.
        Não havia caça alguma isso era certo. Então qual o motivo daquilo? “Não se vagam impunimente por aquelas florestas”, já deviam saber. O símbolo dourado do dragão se agitava a mais leve lufada de vento, como um sinal funesto.
        E lá estavam todos eles. Uns dez ao todo. Não eram estranhos ao homem, mormente o mais jovem, que fora em outros tempos, seu amigo. Mas foi há tanto tempo, em uma época que não havia tanto sangue, tanta dor. Era um tempo feliz.
        “_Morte a todos!” Bradou a criatura.
        “_Não.”Implorava o homem, mas sabia a inutilidade daquela súplica.
        “_Matarei todos os seus antigos amigos e por último, o jovem duque. O que me diz?”
        “_Não!!!” Gritava o homem proferindo várias implicações, tudo vão.
        Um horrível grito percorreu a mata. A fera se atirou sobre um dos atentos caçadores. Debalde tentaram socorrê-lo, mas só ficou uma grande mancha escarlate no solo e uma massa ensanguentada que outrora fora um homem.
        A criatura era muito rápida. Era quase impossível acompanha-lo com o olhar, sobretudo por homens dominados pelo terror.
        Um a um foram tombando os homens. Cada qual compondo uma parte daquele terrível repasto. Propositalmente, o jovem duque era deixado para o final. Isso tornava o homem cada vez mais angustiado. Nada podia fazer.
        Então, quando tudo parecia sem solução, um agradável cheiro se fez sentir, algo que lembrava casa, amor e sonhos. O coração do homem se entristeceu grandemente. Agora ele estava acuado em algum canto, semelhante a uma criança indefesa. A criatura pressentiu o perigo. De alguma parte, uma figura envolta em um manto esverdeado sangue. A cabeça oculta e, no entanto um raríssimo perfume lhe indicava sua identidade.
        “_Ária”. Uma voz falou, já sem forças, o que chamou instintivamente a atenção do monstro. A criatura abandonou o jovem duque e foi de encontro da mulher que se apresentara. A fera urrou insanamente perturbando até o homem de maneira estranha e logo em seguida, precipitou-se sobre Ária.
        Ela, porém manteve-se firme. Apenas deu uns passos para trás e proferiu algumas palavras incompreensíveis e imediatamente uma fagulha brilhou entre seus dedos e tudo foi engolido por uma grande explosão. Havia chamas em toda parte enquanto o a criatura era arremessada ao longe e o homem caía junto ao solo com todo o seu corpo malferido pelas chamas. Um fogo impetuoso que penetrou até seus ossos. Toda a sensibilidade de seu corpo desapareceu enquanto o mundo ao redor se quedava numa imagem difusa. Tudo sumiu por um espaço de tempo.
        Contudo, como já era costume, a dor, os gritos e tudo aquilo que aflige o coração, sempre retornam. Num breve momento ele viu o jovem duque tombado ao solo com uma enorme ferida no peito sendo amparado por uma mulher. Ária, não a de tempos atrás, e sim uma já a muito castigada pelos anos. Alguém cujo impetuoso beijo da morte já lhe roubara o aspecto da vida.
        O homem não teve tempo para refletir muito sobre o fato, pois uma lâmina impiedosa penetrou-lhe nas costas, causando uma dor pungente. Um brilho funesto apareceu diante de seus olhos. Como um raio aquela arma cruel se projetava contra sua cabeça. Contudo, alguma coisa aconteceu. Disso o homem não guardava memoria, mas, de qualquer forma ele vagava em meio às brumas ou talvez voasse. Não sabia ao certo. A criatura havia desaparecido, mas podia sentir que em algum lugar junto ao solo, seu corpo sofria o castigo de uma dor cruel. Mas já não se importava com nada disso, uma vez que, entre as brumas nada fazia diferença mesmo.   


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A Máscara Invicta_ Terceira Parte.


   A Máscara Invicta

III Parte.
Por Eduardo Motta.
        E o homem abaixou se para beber água no pequeno regato que corria por entre as rochas. Os raios de sol sobre as águas criavam um lindo cenário. Toda a natureza parecia estar em festa. Uma festa a qual não o convidaram. Estava nu e coberto de sujeira. Seu reflexo na água era horrível. Não sabia onde estava, mas, pressentiu que andara muito pela noite. Havia lembranças de gritos em sua mente. Tochas, sim. Lembrava-se delas. Havia também sangue, porem não se machucara. Pelo menos a “Cria de Bël” havia ficado longe. Onde ele estaria? Talvez preparasse mais alguma ignomia, não se importava ao menos não estava ali.
        O homem lavou-se no regato e seguiu em meio às árvores. Não tinha o que vestir mais ali ninguém o veria. “_Logo a noite cairá.” Pensou. Não tinha medo da noite, mas sabia que era quando a cria de Bël vinha.
        Ele vagou sem rumo por várias horas até que seus pés atritaram sobre algo.
_Por favor, não! Ele exclamou. Abaixo de seus pés, lá estava à criatura, seu rosto projetando para fora do solo.
_Não! Gritou outra vez, mas agora se ouvia aquela voz:
_Mate-os. Todos. Dizia.
        Era horrível. Não era humano.
_Não! Gritou mais uma vez
“_Ele está lá! A criatura está lá”. Ouvia as vozes. “_Matem-no”.
_Não! Por favor, me deixem. Não sou Cria de Bël, não estão vendo?
        Mas eles não viam. Tacavam pedras, tochas,... Isso machucava e a criatura ao seu lado ria dele. Ele caía sobre o chão, ninguém o ajudava. Uma lança perfurou-lhe as costas.
        _Nãããão! Gritava mas ninguém se importava. Então aquele olhar encontrava o seu olhar. “_Mate a todos!” Dizia a criatura e ele já não estava ali. Gritos preencheram a noite. As lanças se partiram. As pedras já não havia quem as lançassem. O chão cobriu-se de sangue e as tochas se apagaram...
_Oh Iévine, nãããããooo! O homem gritava e se debatia. A criatura erguia seus troféus, membros humanos. Ele não queria ver...
        Sobre o solo o homem se debatia parecendo lutar contra algo que só ele via. Ainda não havia chegado à noite, contudo, logo a criatura estaria ali.