segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Contos: Golpe de mestre


O Golpe de Mestre.

        A noite fria e chuvosa fazia Sorel estremecer da cabeça aos pés. Ao seu lado Gulivan solvia os últimos goles de um vinho barato. _É aqui. Disse Gulivan enquanto arremessava longe a garrafa fazia._O homem mais rico de Hetheer. O duque de Heallmont. Dizem que o piso de seu palácio é banhado em ouro. É de causar inveja até mesmo na rainha Heatlersmin.
      Sorel olhava adiante tentando medir a altura do muro do castelo enquanto ouvia o amigo já com uma leve alteração na voz causada pela embriaguez.
          _Deve ter uns seis metros e meio de altura. Os guardas percorrem o perímetro da muralha a cada cinco minutos. Teremos menos de três minutos para subirmos, descermos e nos escondermos no palácio do duque.
      _Podemos criar uma distração.
      _Como?
      _Conheço bem um estudioso ágtis que sabe criar uma pedra explosiva capaz de destruir até mesmo esse muro. Poderíamos arremessá-las no lado norte da muralha e entrarmos pelo lado sul. Ficaríamos escondidos dentro do castelo até o duque dormir e então pegaríamos tudo que conseguíssemos carregar.
      _Este é seu plano? Questionou Sorel.
      _É um plano de mestre. Argumentou confiante Gulivan._Vamos estudar a rotina do duque e providenciarmos os equipamentos necessários esta semana. Na próxima semana entraremos em ação.
      Sorel ponderava sobre os planos de Gulivan enquanto se afastavam do castelo em direção à zona leste da cidade. Era óbvio que Gulivan era um amador pretensioso. Era o plano mais idiota que já ouvira. Quem em sã consciência iria dormir depois de sofrer um ataque em sua fortaleza?  Sorel lembrou-se de como veio a conhecê-lo. Dois meses atrás Gulivan se metera em uma briga de taberna por causa de um furto mal sucedido e Sorel, que estava bêbado no momento da confusão tomou partido de Gulivan e o ajudou na briga. Gulivan poderia até ser um bandidinho pretensioso, mas Sorel desejava invadir a casa do duque e precisaria de ajuda.
      Sorel estava naquela cidade há uns seis meses. Havia chegado ao porto em uma noite como aquela, chuvosa. Lembrava claramente de como havia sido advertido por um guarda.
      “_As pessoas daqui são hospitaleiras forasteiro, mas não cometa nenhum crime porque os cidadãos de Hetheer não são clementes com quem é levado ao júri popular.”
Era costume de a cidade julgar os criminosos em um julgamento público realizado na praça central. Os cidadãos faziam uma grande folia quando havia julgamentos porque os nobres da cidade distribuíam alimentos e bebidas ao povo nesses eventos. Eles se diziam cidadãos defensores da justiça mas Sorel aprendera com o tempo que muitas vezes a “justiça” era comprada com dinheiro ou pão.
      Durante aquela semana Sorel e Gulivan acompanháramos trajetos do duque de Heallmont. O duque estava sempre acompanhado pelo seu protetor, o mercenário chamado de Arranca-braço. Arranca-braço era um homem forte de origem dorhomiana, com aproximadamente dois metros e vinte de altura e braços fortes que deixavam a mostra as veias dilatadas. Em todo seu corpo podia se ver a pele branca azulada, herança da pestilência de Dorhom.
      O duque costumava jantar em uma famoso estabelecimento da cidade duas vezes por semana. Ele saía junto com seu protetor mais vinte homens fortemente armados. Ficara decidido entre Sorel e Gulivan que seria uma dessas noites que eles agiriam.
      Finalmente havia chegado o esperado dia. Gulivan certificara que o duque e seus homens estavam jantando no estabelecimento de sempre e batendo forte em seu cavalo rumou em direção ao palácio do duque onde se encontraria com Sorel. Lá chegando encontrou Sorel olhando para cima do muro do lado sul do palácio.
_Trouxe a besta? Perguntou Sorel com um sussurro.
_Sim.
_Ótimo! As pedras “mágicas” que você me deu hoje cedo já estão alocadas no muro norte do palácio.Como planejado.
_Bom! Agora é só esperar as pedras explodirem e entrarmos e sairmos enquanto eles estão distraídos com a explosão.
_ Não seria melhor aproveitarmos que não há guardas desse lado do muro e entrarmos duma vez e ficarmos escondidos lá dentro esperando a explosão? Perguntou Sorel.
_Até que é uma boa ideia Sorel. Pelo visto você tem futuro nesse ramo.
       Sorel limitou se a rir desdenhosamente enquanto amarrava a corda na ponta de uma flecha especial e arremessava à sobre o muro fixando a corda previamente acoplada com um gancho na ponta sobre ele. Logo Sorel já estava no alto do muro puxando Gulivan pela corda.
      O muro possuía dois metros e meio de largura cercados por uma murada de um metro e meio por onde os guardas caminhavam passando por cada percurso de três em três minutos. No canto do muro havia uma escada que descia até o pátio do palácio. Os dois correram em direção à escada e desceram. Esconderam atrás de um monte de feno e aguardaram.
      _Já não era pra ter acontecido à explosão? Perguntou Gulivan.   
_Pode ser que algo tenha dado errado.
_Será que eu fui enganado por aquele charlatão que me vendeu as... THUMFP!
Gulivan não teve tempo de concluir suas palavras. Ele não teve tempo de sequer ver o que o atingiu. A última sensação que Gulivan sentiu foi uma forte dor na cabeça seguida de um borrão vermelho. Em sua mente, feixes luminosos brilhando como fogos-fátuos em um pântano. Então veio a escuridão e o silencio da inconsciência.
      Não se sabe por quanto tempo Gulivan ficou desacordado, mas, ao despertar, a primeira sensação que sentiu foi novamente uma forte dor de cabeça. Logo veio o sentimento de espanto, medo e surpresa que foi se transformando em pavor e ódio ao mesmo tempo na medida em que sua visão desnublava revelando a imagem de Sorel e um homem gordo, de bigodes finos sobre um nariz robusto, cumprimentando um ao outro com sorrisos estampados na face.
      _Sorel, seu traidor filho duma meretriz! Eu vou matá-lo. Praguejava Gulivan se contorcendo amarrado em uma cadeira. Ao se dar conta da situação, Gulivan percebeu que estava amarrado em uma cadeira de ferro e diante dele havia uma mesa com varias ferramentas cirúrgicas em cima. Em seu intimo adivinhou a finalidade daquelas ferramentas cirúrgicas e o medo atravessou seu ser como navalha cortando a carne. Logo Gulivan soube que o homem que cumprimentava Sorel era o duque de Heallmont e o seu temor aumentara, pois sabia das crueldades dos nobres para com os ladrões pegos no ato do furto.
      _Sorel, seu maldito... nós tínhamos um plano... por favor ...diga que tudo não passa de um mal entendido...
      _Lamento meu amigo, mas não sei do que estas falando. Mas devias saber que o crime não compensa. Quando soube de seus planos para roubar o bom duque, eu, o conde de Estherburg, não poderia permitir. Logo que soube de seus planos combinei com o bom duque um plano para pegá-lo em ação.
      _Sorel..por favor... não faça isto comigo... .Suplicava Gulivan com a voz trêmula.
      _O senhor fez bem em me alertar a respeito desse rato, conde de Estherburg. Nós, cidadãos de bem devemos nos unir contra essa laia de malfeitores.
_Fiz apenas o que qualquer cidadão de bem teria feito, meu caro.
_Em demonstração de gratidão ofereço lhe trinta peças draconianas e o convido para jantar, meu caro conde.
_As peças eu irei recusar meu caro, pois não posso aceitar recompensas por cumprir meu dever de honestidade, contudo, ficarei grato em jantar com o senhor.
_Pois que assim seja meu caro! Mas, antes vamos assistir meu leal Arranca-braço esfolar esse cão vivo.
_NÂÂÂOO! Por favor... eu suplico...não me mate! Sorel, por favor, camarada...
_ Hahahahaha! Ele acreditou mesmo nesse papo de você ser um bandido, caro conde.
_Hehehehehe! É verdade. Quanto a esfolá-lo, meu caro Duque de Heallmont, não seria melhor levá-lo a julgamento público? O senhor bem sabe como o povo gosta de condenar criminosos pegos em flagrante. Poderíamos sugerir o abraço de Bël como castigo. O abraço de Bël consistia em um imenso bloco de pedra que era colocado sobre a vítima, esmagando-a lentamente.
      _Excelente ideia meu amigo! Mandarei mensageiros ao júri e amanha mesmo teremos uma grande condenação que servirá de exemplo para os outros bandidos que pensarem em invadirem meu palácio. Dizendo isto, o duque, seus homens e o convidado retiraram se da sala deixando O amedrontado Gulivan preso na cadeira de ferro.
      No dia seguinte, já no sétimo período de Fabus, quase toda a população já estava sabendo da condenação. Crianças corriam eufóricas com a esperança dos nobres lançarem pães ao povo e apostavam se dessa vez o sangue do condenado esguicharia tão longe quanto da ultima vez que houvera uma condenação.
Ao final da tarde todos já estavam na praça da justiça. O duque de Heallmont fora uns dos primeiros a chegar. Acompanhado de seus seguranças, caminhava prepotente e logo sentou em uma das cadeiras principais reservadas aos nobres da cidade. Olhava de um lado para o outro, como se esperasse encontrar alguém.
      Os julgamentos aconteciam na primeira hora do novo dia, ou seja, assim que Álax se punha entre as montanhas. O duque procurava de um lado ao outro com olhos esbugalhados, esticando o pescoço. _Arranca-braço, procure o conde de Estherburg. Ele deve estar no meio da multidão tentando chegar até aqui. Ordenou o duque de Heallmont ao seu protetor. O homem alto de pele exótica saiu a procurar pelo conde entre a multidão empurrando um e outro que parava em seu caminho. Logo o anunciante gritou:
      _Cidadão de Hetheer. Vai começar o julgamento de Gulivan, filho de Etian. Por tentativa de furto no palácio do amável duque de Heallmont. O duque distribuirá pães e peças de cobre, como de costume e ele pede que o povo seja prudente neste julgamento. Para que o criminoso possa ser punido com a mais severa pena para servir de exemplo a qualquer outro que porventura pensar em embrenhar nesta vida de crimes.
      O duque levantou e acenou para a multidão. Em seus pensamentos praguejava por não encontrar o amigo conde que havia prometido comparecer ao evento.
      Enquanto isto, perto do palácio do duque, as ruas estavam vazias e silenciosas. Toda a cidade havia ido assistir ao julgamento de Gulivan. “_Um sacrifício necessário.”          Pensava Sorel. Em poucos minutos Sorel já havia adentrado os muros do palácio do duque de Heallmont.
       Aproveitando a pouca vigilância devido ao evento na praça da justiça, foi fácil entrar nos aposentos do duque e roubar um montante de ouro e joias. Mas, a principal meta de Sorel foi a “serpente de sangue”, maior tesouro do duque. Quando o duque voltasse do julgamento, Sorel já estaria longe com o objeto essencial para o seu ingresso na seita conhecida como Monië Avini. 
      Chuvosa foi aquela noite. A chuva lavava o sangue de Gulivan do chão que escorria de seu corpo esmagado pela “pedra justa”. O grito de ira e pavor do duque de Heallmont ecoava pelas paredes do seu palácio. Nas ruas, o trotar de cascos dos cavalos dos soldados rompiam a calmaria. Sorel, em um cavalo negro, cavalgava calmamente cantarolando uma canção a muitas léguas dali.


Ficha de Sorel, o Ladino.
CON 12, FR 12, DEX 17, AGI 16, INT 19, WILL 18, CAR 16, PER 16. Ataques [2], IP 1 (por destreza), PV 24.
Perícias: Esquiva 25%, Etiqueta 20%, Disfarce 35%, Furtividade 45%, Escapismo 30%, Avaliação de Objetos 40%,Furtar 55%, Intimidação 25%, Montarias 35%, Rastreio 30%, Sobrevivência (Cidades Urbanas 40%), Armadilhas 30%. Besta 30/00, Espada curta 30/30, Adaga 20/20.
Aprimoramentos: Presença invisível; 2pts.
Inocência; 2pts. Sociedade secreta; 1pts.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

O Continente Vermelho

O Continente Vermelho
O Continente vermelho foi um dos primeiros continentes criados pelos deuses. Com lugares exóticos e raças peculiares, o continente vermelho está entre os mais belos, mas também perigosos lugares de Eralfa.

       Seus reinos são habitados por povos poderosos que vivem no regime de monarquia. Stavianath, Markden, Cananor, Thur-Churker, o deserto de Kuran ou as cordilheiras de Decanyon-Ohdun, possuem povos com culturas diversificadas.
        Visto dos céus, o continente vermelho é visto próximo a outro continente, que fica ao norte. Apesar da proximidade entre os continentes o contato entre os povos é raro graças aos efeitos da maré violenta nas luas cheias de Eralfa e a uma lenda que existe entre todos os povos que diz que devido aos vários conflitos entre continentes séculos e séculos atrás, os próprios deuses juraram amaldiçoar todo aquele que viajar de um continente ao outro.