domingo, 30 de dezembro de 2012

A Máscara Invicta_Segunda parte


A Máscara Invicta

II Parte.
Por Eduardo Motta.
          O vento norte soprava suavemente. Em algumas épocas ele era um vento frio e veemente, mas, hoje não. Ele era calmo e reconfortante. Para alguém após uma longa caminhada ele seria neste momento como um eflúvio bem fazejo. Uma trégua ao calor que grossa em outras terras. Mas não. Não era paz que ele trazia. Havia um cheiro metálico e uma tristeza no ar. Era uma lufada lenta e pesada que oprimia toda a paisagem. Sobre o solo, corpos espalhados de homens, mulheres e crianças. Todos mortos.
        _Chegamos tarde. Falou uma voz feminina.
        _Ao que parece, sim. Concluiu uma segunda enquanto cobria com um manto o corpo de um jovem que jazia no chão.
        _ A cada tempo ele se torna mais violento. Disse a primeira enquanto cobria a seu turno, o corpo mutilado de uma mulher._A visão já não é tão boa quanto antes. Continuou ela.
        _Não devia se cansar tanto assim, minha irmã. Disse a outra enquanto verificava a respiração de um soldado, puxando-o para o seu colo. _Ele ainda vive! Exclamou ao mesmo tempo em que lhe dava algo para beber.
        Ária se aproximou. Já não tinha os cabelos dourados como a irmã ajoelhada à frente. A pele havia perdido o rosado da juventude. Da antiga semelhança entre as duas nada restava.
        Lorena levantou o olhar com a aproximação da irmã. Era triste vê-la andar com dificuldade. Havia envelhecido muito. Isso era o que mais doía nela. Mas, assim tinha de ser o preço da magia, o risco já havia sido calculado e cada uma aceitara sua parte. O que restava era seu forte, mesmo quando a força se escondia bem no fundo do coração da mulher, tão fundo que parecia não vir à tona nessa vida nunca mais.
        Ária sabia que aquele homem ali não sobreviveria a menos que fosse ajudado. Porem, como poderia? Se o curasse, talvez não pudesse dar um passo apenas e já se atrasaram por demais devido ao estado em que se encontrava. A cada dia perdido mais pessoas morreriam sem ter a mínima chance. Ela afastou se até sair do campo de visão da irmã e ali caiu num choro silencioso, porem doído. Já tinha passado por cinco vilarejos e em todos apenas a morte restava e sabia que muito em breve ela também faria parte da legião dos mortos.
        E foi com tristeza que o resto daquele dia e o seguinte passaram. E as duas irmãs seguiram rumo ao norte. E com elas ia o pequeno Ban, que havia se escondido no dia anterior. Ária sabia o que os esperava mais guardou em seu coração. Sabia que o sofrimento era inevitável, mas ninguém precisava sofrer antes do tempo.
                                                                                                ...Continua...!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Contos: A Máscara Invicta

Olá pessoal! Está é a primeira parte de um conto escrito por Eduardo Motta. Em breve postarei a continuação dessa estória que tem como plano de fundo o mundo de Eralfa. Boa leitura para todos!
Fabiano Enoque.


A Máscara Invicta

I Parte.
Por Eduardo Motta.
             Um lampejo corta o céu. Era dia, mas se fazia visível ao olhar. Do sul, aonde outrora vieram miríades de longos anos de guerra, ouvia se um grande ruído. Não de homens, mas de uma tempestade que se avizinhava das redondezas.
        Ao longe, o velho dragão olhava feroz. Seus pétreos olhos pareciam vigiar toda a paisagem, porem, é certo, nada viam. As sólidas asas como que tentando ganhar o céu, nada poderia fazer. Não se ergueria m um momento sequer apenas. Reza a lenda que numa época muito distante, vivia um dragão sobre as montanhas de Delráhvia. Só que um dia. Um poderoso bruxo o havia confinado na rocha e ali permaneceria por toda eternidade a velar sobre a paisagem. Mas os anos se passam e os velhos morrem e as crianças abandonam seus sonhos na medida em que crescem e não há mais quem conte as estórias e nenhum ouvido para ouvi-las então e as lendas vão ficando cada vez mais distantes dos homens.
        “Tudo nunca passou de um sonho!”. Disse uma voz de si para si mesmo. E acima, uma bandeira pendia dum azul desbotado pelo tempo. Outrora, símbolo de dignidade e poder, hoje arrancavam risos dissimulados e nada mais. O dragão dourado ao centro já não impunha respeito nem nas criancinhas de pouca idade.
        _Jovem mestre. Chamou uma voz perto a grande escadaria, único meio de si chegar à torre de vigia. _Teu pai, o duque, o aguarda.
        O jovem não volveu o olhar em direção àquela voz. Porem foi audível o seu longo suspiro.
        _Diga a ele que já vou. Disse mantendo o olhar fixo no velho pendão agitado pelo vento.
        _Não quero ser inconveniente... _Tornou a voz._... Mas ele pede que me acompanhe imediatamente.
        _Que seja! Exclamou displicentemente enquanto lançava um olhar frio para o velho homem junto à escada.
        O jovem seguiu em silencio escada abaixo acompanhado pelo homem mais velho. Era uma enorme espiral. Parecida com uma enorme serpente enroscada pelas laterais da torre. Depois de terminada a monótona descida, os dois entraram num enorme pátio e em seguida em uma porta a esquerda saindo num, salão mediano aonde um grupo se reunia cheio de excitação nas vozes.
        “_ Sei que parecem estórias de camponês senhor...” _ Disse um homem ao fundo da sala enquanto Dárien e o velho Makro entravam. “_... mas dois pastores e alguns animais já desapareceram. Achamos também sangue próximo ao velho poço.”
        “_Uma fera senhor! Uma terrível fera bradou uma mulher”. “_Já ouvimos falar dela. Dizem que dizimou todo um povoado e agora está aqui entre nós.”
        Havia muita tensão no ar. Várias pessoas falavam ao mesmo tempo enquanto o duque de cima do trono olhava desolado aquele burburinho a sua frente.
        _ Senhor meu pai, disse Dárien, mandaste chamar-me? Algo em que possa servi-lo? 
        A despeito de toda a formalidade, o duque notara certo descontentamento na voz de Darién, mas também mantendo o tom formal: _Sim, meu filho. Estes homens trazem notícias de que uma fera estaria atacando nossa boa gente. Como hábil caçador que és, gostaria de ouvir sua opinião sobre o caso.
        _ O que os soldados dizem meu pai?
        _ Lobos meu senhor! Disse um homem usando com uma cota de malha que trazia uma longa espada à cintura. _ Nada mais que lobos. E ademais, os dois pastores não passavam de bêbados, e isto não é segredo a ninguém.
        Se por um lado as pessoas simples viam no caso o ataque de uma terrível besta, que contavam boatos sobre vilas destruídas e coisas parecidas, o duque via apenas estórias de gente ignorante que tende a exagerar tudo e se deixam levar facilmente pelo maravilhoso.
        _E então Dárien, o que me diz?
        _ Bem meu pai, lobos ou algum outro animal é certo que não se sabe. Mas seria prudente investigar. Se o senhor me concedesse a honra...
        O duque não tencionou mandar ninguém para averiguar o caso. Principalmente seu filho, mas se negasse o pedido, ainda mais na frente daqueles que ali estavam, poderia ter menos apoio quando fosse preciso e assim aquiesceu.
        Foi acordado que Dárien levaria três homens consigo e partiriam pela manhã a fim de averiguar os fatos. E assim, na quarta hora do período de Fabus, aos primeiros raios de Álax, partiram pela velha estrada, rumo ao sul. Ao longe o antigo dragão se fazia ver magnífico enquanto a velha bandeira azul era agitada por um impetuoso vento norte.
        Dárien lembraria muitas vezes daquela cena, mormente nos tempos em que a escuridão tivesse apoderado de seu ser e tudo o que houvesse vivido fosse como um sonho desvanecendo dentro da realidade, porém os presságios são apenas para o futuro e o futuro ainda estava longe, ao menos daquele dia.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Raças em Eralfa

Elfos

Os elfos em eralfa são seres benevolentes para com os outros seres em geral, possuem grande beleza. Possuem o aspecto de jovens louros e belos e amam a luz. São conhecidos como filhos de Iévine.

Apesar de serem pacíficos, quando necessário, os elfos são bravos guerreiros, habilidosos com o arco e a espada curta. São seres de grande fé e conhecimento das ervas medicinais sendo por isso excelentes curandeiros. Os elfos possuem a habilidade natural de flutuarem no ar em uma altura de até seis metros, uma vez por dia. Eles não afundam na neve ou areia movediça por serem extremamente leves e possuem o sentido da audição aguçado.
Acredita-se que elfos não morrem por morte natural, mas, na verdade, eles apenas vivem muitos anos (Podem viver até dois mil anos, mas estes geralmente se isolam do resto do mundo).

ELFOS
Clima/ Terreno
Florestas Tropicais
Organização
Civilizada
Quantidade/ Encontro
1D8 - 1D4
Tendência
Bondosa
Tamanho
Médio (1,60m-1, 65m)
Frequência
Raro-comum
Habilidades raciais
Audição apurada, flutuar (uma vez por dia), Destreza alta.
Aprimoramentos obrigatórios
Pontos de fé: 2pts; Sentidos Aguçados (audição) 1pt.



Meio-Elfos
Quando os elfos desceram a terra dos homens e conheceram suas filhas, muitos geraram filhos. Esses filhos ficaram sendo conhecidos como Meio-elfos. Com orelhas pontudas como os elfos e olhos cor de mel, os meio-elfos são vistos com antipatia pela maioria dos homens. Contudo são naturalmente sedutores. Não flutuam como os elfos, mas podem correr longas distancias sem se cansarem.
Ao contrário dos elfos, não possuem afinidade com a fé e nem todos possuem uma tendência bondosa. A maioria adota uma atitude neutra diante de assuntos humanos ou élficos. 
Geralmente os meio-elfos se tornam excelentes ranger prestando serviços para humanos como guias nas florestas ou como caçadores.

MEIO-ELFOS
Clima/ Terreno
Florestas Tropicais
Organização
Solitária
Quantidade/ Encontro
1D2
Tendência
Neutra
Tamanho
Médio (1,60m-1, 65m)
Frequência
Raro
Habilidades raciais
Audição apurada, Agilidade alta.
Aprimoramentos obrigatórios
Sedução 1pt; Sentidos Aguçados (audição) 1pt.



Anões
Os anões são um povo trabalhador e guerreiro. Vivem em cavernas onde constroem grandes fortificações subterrâneas esculpidas na pedra. São excelentes mineradores e forjadores de armas. Possuem uma aversão por magias e por tudo que se diz respeito à Bël-Teâncun (provavelmente por causa da lenda sobre suas origens estarem vinculadas a uma maldição do deus). No escuro, enxergam até cinquenta metros de distancia.
Quando entram em uma guerra são unidos e resistentes. É comum serem vistos em grupos de combates atacando orcs ou trolls que estejam perto de suas cavernas. Contudo dificilmente se envolvem em guerras humanas.
Apesar de possuírem rostos severos,quando estão trabalhando em grupo costumam serem brincalhões e piadistas, mas, na presença de estranhos, permanecem sérios e de mal humor.
Os anões medem entre 1,30m e 1,50m de altura. São robustos com músculos bem definidos. A barba longa é motivo de orgulho entre eles e arrancá-la é a pior das humilhações. Vivem até duzentos e cinquenta anos de idade 

ANÕES 
Clima/ Terreno
Cavernas/Montanhas
Organização
Civilizada
Quantidade/ Encontro
1D2-1D6
Tendência     
Neutra/ Ordeira 
Tamanho
Pequeno-Médio (1,30m-1, 50m)
Frequência
Raro-Comum
Habilidades raciais
Visão aguçada no escuro, Imunidade a venenos, Constituição alta.
Aprimoramentos obrigatórios
Imunidade a venenos 1pt; Sentidos Aguçados (visão) 1pt.


Silberianos

Os silberianos são uma raça humanóide felina com uma leve camada de pelos por todo o corpo, sendo que em algumas partes esse pelo é mais concentrado. Possuem cauda e garras de felinos. As orelhas pontudas ouvem ruídos que passariam despercebidos e os olhos felinos enxergam no escuro (até trinta metros).
São chamados de os filhos de Omner. Vivem em moradias de madeiras construídas em cima de grandes árvores que os ajudam a camuflarem-se entre a mata. Formam vilas e cidades e possuem seus próprios esquemas de governo. É necessário um teste de percepção para localizarem sua presença, pois são bastante furtivos. Sobem muros ou arvores com bastante agilidade. São hábeis no manuseio de arco e flechas. Suas garras são afiadas como adagas dando lhes uma arma natural (um arranhão pode provocar 1D4 pontos de dano).
Dentre os silberianos existe uma classe de grande prestígio entre eles que são os responsáveis por cunhar moedas. Visto que a fabricação dessas moedas exige a manipulação de fogo e a grande maioria dos silberianos possui medo do fogo.

SILBERIANOS
Clima/ Terreno
Florestas
Organização
Civilizada
Quantidade/ Encontro
1D4-1D8
Tendência
Neutra/ Honrada
Tamanho
Médio (1,65m-1, 75m)
Frequência
Raro
Habilidades raciais
Audição apurada, Agilidade alta.
Visão aguçada no escuro, Garras afiadas.
Aprimoramentos obrigatórios
Presença Invisível 2pts; Sentidos Aguçados (audição e visão)2pts.
Medo de fogo -1pt (negativo).


Halflins
Os halflins eram chamados de pequenos de Iévine, até que surgiu a magia e corromperam muitos deles. Possuem semelhança com crianças humanas. Medem cerca de 1,30m, possuem pés peludos (somente os machos) e uma boa audição. Adoram festas e odeiam confusões, chegando a serem covardes. Vivem como camponeses e não são acostumados com estranhos. Podem viver até os noventa anos e os mais velhos geralmente são os lideres.
Os halflins praticam arremesso de dardos, sabem manusear bestas construídas na medida para eles, e são habilidosos espadachins (com espadas curtas).
Os halflins que se dedicaram a magia criaram uma tendência maldosa. Possuem uma mania de causar confusões e brincadeiras de mau gosto, mas dificilmente criam magias perigosas. Em geral são mais irritantes do que maldosos.

HALFLINS
Clima/ Terreno
Planícies campestres
Organização
Civilizada
Quantidade/ Encontro
1D8 - 1D4
Tendência
Bondosa/ou caótica (bruxos)
Tamanho
Pequeno-Médio (1,25m-1, 30m)
Freqüência
Raro-comum
Habilidades raciais
Audição apurada,
Aprimoramentos obrigatórios
Sentidos Aguçados (audição) 1pt.
Pontos de magia 2pts (bruxos).

Humanos
De todas as raças a mais complexa. Os humanos em eralfa são a raça predominante e vivem em média cem anos. Quando se embrenham no caminho da bruxaria esse valor cai pela metade. Possuem diversos aspectos físicos geralmente influenciados pelo clima da região de onde vivem. De todas as raças são os mais adaptáveis.
São filhos de Bël-Teâncun, mas não são necessariamente devotos do deus arrependido. Muitos seguem outros deuses ou até mesmo nenhum deus.

HUMANOS

Clima/ Terreno
Vários
Organização
Civilizada

Quantidade/ Encontro
Indefinida
Tendência
Indefinida
Tamanho
Médio (1,70m-2, 10m)
Frequência
Comum
Habilidades raciais
Indefinida
Aprimoramentos obrigatórios
Indefinido


Existem muitas outras raças, mas estas são as mais aconselháveis para jogadores. Raças como Kandors, Rocnares, Orcs entre outras devem ser utilizadas como NPC`s pelo mestre. 




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Contos: Golpe de mestre


O Golpe de Mestre.

        A noite fria e chuvosa fazia Sorel estremecer da cabeça aos pés. Ao seu lado Gulivan solvia os últimos goles de um vinho barato. _É aqui. Disse Gulivan enquanto arremessava longe a garrafa fazia._O homem mais rico de Hetheer. O duque de Heallmont. Dizem que o piso de seu palácio é banhado em ouro. É de causar inveja até mesmo na rainha Heatlersmin.
      Sorel olhava adiante tentando medir a altura do muro do castelo enquanto ouvia o amigo já com uma leve alteração na voz causada pela embriaguez.
          _Deve ter uns seis metros e meio de altura. Os guardas percorrem o perímetro da muralha a cada cinco minutos. Teremos menos de três minutos para subirmos, descermos e nos escondermos no palácio do duque.
      _Podemos criar uma distração.
      _Como?
      _Conheço bem um estudioso ágtis que sabe criar uma pedra explosiva capaz de destruir até mesmo esse muro. Poderíamos arremessá-las no lado norte da muralha e entrarmos pelo lado sul. Ficaríamos escondidos dentro do castelo até o duque dormir e então pegaríamos tudo que conseguíssemos carregar.
      _Este é seu plano? Questionou Sorel.
      _É um plano de mestre. Argumentou confiante Gulivan._Vamos estudar a rotina do duque e providenciarmos os equipamentos necessários esta semana. Na próxima semana entraremos em ação.
      Sorel ponderava sobre os planos de Gulivan enquanto se afastavam do castelo em direção à zona leste da cidade. Era óbvio que Gulivan era um amador pretensioso. Era o plano mais idiota que já ouvira. Quem em sã consciência iria dormir depois de sofrer um ataque em sua fortaleza?  Sorel lembrou-se de como veio a conhecê-lo. Dois meses atrás Gulivan se metera em uma briga de taberna por causa de um furto mal sucedido e Sorel, que estava bêbado no momento da confusão tomou partido de Gulivan e o ajudou na briga. Gulivan poderia até ser um bandidinho pretensioso, mas Sorel desejava invadir a casa do duque e precisaria de ajuda.
      Sorel estava naquela cidade há uns seis meses. Havia chegado ao porto em uma noite como aquela, chuvosa. Lembrava claramente de como havia sido advertido por um guarda.
      “_As pessoas daqui são hospitaleiras forasteiro, mas não cometa nenhum crime porque os cidadãos de Hetheer não são clementes com quem é levado ao júri popular.”
Era costume de a cidade julgar os criminosos em um julgamento público realizado na praça central. Os cidadãos faziam uma grande folia quando havia julgamentos porque os nobres da cidade distribuíam alimentos e bebidas ao povo nesses eventos. Eles se diziam cidadãos defensores da justiça mas Sorel aprendera com o tempo que muitas vezes a “justiça” era comprada com dinheiro ou pão.
      Durante aquela semana Sorel e Gulivan acompanháramos trajetos do duque de Heallmont. O duque estava sempre acompanhado pelo seu protetor, o mercenário chamado de Arranca-braço. Arranca-braço era um homem forte de origem dorhomiana, com aproximadamente dois metros e vinte de altura e braços fortes que deixavam a mostra as veias dilatadas. Em todo seu corpo podia se ver a pele branca azulada, herança da pestilência de Dorhom.
      O duque costumava jantar em uma famoso estabelecimento da cidade duas vezes por semana. Ele saía junto com seu protetor mais vinte homens fortemente armados. Ficara decidido entre Sorel e Gulivan que seria uma dessas noites que eles agiriam.
      Finalmente havia chegado o esperado dia. Gulivan certificara que o duque e seus homens estavam jantando no estabelecimento de sempre e batendo forte em seu cavalo rumou em direção ao palácio do duque onde se encontraria com Sorel. Lá chegando encontrou Sorel olhando para cima do muro do lado sul do palácio.
_Trouxe a besta? Perguntou Sorel com um sussurro.
_Sim.
_Ótimo! As pedras “mágicas” que você me deu hoje cedo já estão alocadas no muro norte do palácio.Como planejado.
_Bom! Agora é só esperar as pedras explodirem e entrarmos e sairmos enquanto eles estão distraídos com a explosão.
_ Não seria melhor aproveitarmos que não há guardas desse lado do muro e entrarmos duma vez e ficarmos escondidos lá dentro esperando a explosão? Perguntou Sorel.
_Até que é uma boa ideia Sorel. Pelo visto você tem futuro nesse ramo.
       Sorel limitou se a rir desdenhosamente enquanto amarrava a corda na ponta de uma flecha especial e arremessava à sobre o muro fixando a corda previamente acoplada com um gancho na ponta sobre ele. Logo Sorel já estava no alto do muro puxando Gulivan pela corda.
      O muro possuía dois metros e meio de largura cercados por uma murada de um metro e meio por onde os guardas caminhavam passando por cada percurso de três em três minutos. No canto do muro havia uma escada que descia até o pátio do palácio. Os dois correram em direção à escada e desceram. Esconderam atrás de um monte de feno e aguardaram.
      _Já não era pra ter acontecido à explosão? Perguntou Gulivan.   
_Pode ser que algo tenha dado errado.
_Será que eu fui enganado por aquele charlatão que me vendeu as... THUMFP!
Gulivan não teve tempo de concluir suas palavras. Ele não teve tempo de sequer ver o que o atingiu. A última sensação que Gulivan sentiu foi uma forte dor na cabeça seguida de um borrão vermelho. Em sua mente, feixes luminosos brilhando como fogos-fátuos em um pântano. Então veio a escuridão e o silencio da inconsciência.
      Não se sabe por quanto tempo Gulivan ficou desacordado, mas, ao despertar, a primeira sensação que sentiu foi novamente uma forte dor de cabeça. Logo veio o sentimento de espanto, medo e surpresa que foi se transformando em pavor e ódio ao mesmo tempo na medida em que sua visão desnublava revelando a imagem de Sorel e um homem gordo, de bigodes finos sobre um nariz robusto, cumprimentando um ao outro com sorrisos estampados na face.
      _Sorel, seu traidor filho duma meretriz! Eu vou matá-lo. Praguejava Gulivan se contorcendo amarrado em uma cadeira. Ao se dar conta da situação, Gulivan percebeu que estava amarrado em uma cadeira de ferro e diante dele havia uma mesa com varias ferramentas cirúrgicas em cima. Em seu intimo adivinhou a finalidade daquelas ferramentas cirúrgicas e o medo atravessou seu ser como navalha cortando a carne. Logo Gulivan soube que o homem que cumprimentava Sorel era o duque de Heallmont e o seu temor aumentara, pois sabia das crueldades dos nobres para com os ladrões pegos no ato do furto.
      _Sorel, seu maldito... nós tínhamos um plano... por favor ...diga que tudo não passa de um mal entendido...
      _Lamento meu amigo, mas não sei do que estas falando. Mas devias saber que o crime não compensa. Quando soube de seus planos para roubar o bom duque, eu, o conde de Estherburg, não poderia permitir. Logo que soube de seus planos combinei com o bom duque um plano para pegá-lo em ação.
      _Sorel..por favor... não faça isto comigo... .Suplicava Gulivan com a voz trêmula.
      _O senhor fez bem em me alertar a respeito desse rato, conde de Estherburg. Nós, cidadãos de bem devemos nos unir contra essa laia de malfeitores.
_Fiz apenas o que qualquer cidadão de bem teria feito, meu caro.
_Em demonstração de gratidão ofereço lhe trinta peças draconianas e o convido para jantar, meu caro conde.
_As peças eu irei recusar meu caro, pois não posso aceitar recompensas por cumprir meu dever de honestidade, contudo, ficarei grato em jantar com o senhor.
_Pois que assim seja meu caro! Mas, antes vamos assistir meu leal Arranca-braço esfolar esse cão vivo.
_NÂÂÂOO! Por favor... eu suplico...não me mate! Sorel, por favor, camarada...
_ Hahahahaha! Ele acreditou mesmo nesse papo de você ser um bandido, caro conde.
_Hehehehehe! É verdade. Quanto a esfolá-lo, meu caro Duque de Heallmont, não seria melhor levá-lo a julgamento público? O senhor bem sabe como o povo gosta de condenar criminosos pegos em flagrante. Poderíamos sugerir o abraço de Bël como castigo. O abraço de Bël consistia em um imenso bloco de pedra que era colocado sobre a vítima, esmagando-a lentamente.
      _Excelente ideia meu amigo! Mandarei mensageiros ao júri e amanha mesmo teremos uma grande condenação que servirá de exemplo para os outros bandidos que pensarem em invadirem meu palácio. Dizendo isto, o duque, seus homens e o convidado retiraram se da sala deixando O amedrontado Gulivan preso na cadeira de ferro.
      No dia seguinte, já no sétimo período de Fabus, quase toda a população já estava sabendo da condenação. Crianças corriam eufóricas com a esperança dos nobres lançarem pães ao povo e apostavam se dessa vez o sangue do condenado esguicharia tão longe quanto da ultima vez que houvera uma condenação.
Ao final da tarde todos já estavam na praça da justiça. O duque de Heallmont fora uns dos primeiros a chegar. Acompanhado de seus seguranças, caminhava prepotente e logo sentou em uma das cadeiras principais reservadas aos nobres da cidade. Olhava de um lado para o outro, como se esperasse encontrar alguém.
      Os julgamentos aconteciam na primeira hora do novo dia, ou seja, assim que Álax se punha entre as montanhas. O duque procurava de um lado ao outro com olhos esbugalhados, esticando o pescoço. _Arranca-braço, procure o conde de Estherburg. Ele deve estar no meio da multidão tentando chegar até aqui. Ordenou o duque de Heallmont ao seu protetor. O homem alto de pele exótica saiu a procurar pelo conde entre a multidão empurrando um e outro que parava em seu caminho. Logo o anunciante gritou:
      _Cidadão de Hetheer. Vai começar o julgamento de Gulivan, filho de Etian. Por tentativa de furto no palácio do amável duque de Heallmont. O duque distribuirá pães e peças de cobre, como de costume e ele pede que o povo seja prudente neste julgamento. Para que o criminoso possa ser punido com a mais severa pena para servir de exemplo a qualquer outro que porventura pensar em embrenhar nesta vida de crimes.
      O duque levantou e acenou para a multidão. Em seus pensamentos praguejava por não encontrar o amigo conde que havia prometido comparecer ao evento.
      Enquanto isto, perto do palácio do duque, as ruas estavam vazias e silenciosas. Toda a cidade havia ido assistir ao julgamento de Gulivan. “_Um sacrifício necessário.”          Pensava Sorel. Em poucos minutos Sorel já havia adentrado os muros do palácio do duque de Heallmont.
       Aproveitando a pouca vigilância devido ao evento na praça da justiça, foi fácil entrar nos aposentos do duque e roubar um montante de ouro e joias. Mas, a principal meta de Sorel foi a “serpente de sangue”, maior tesouro do duque. Quando o duque voltasse do julgamento, Sorel já estaria longe com o objeto essencial para o seu ingresso na seita conhecida como Monië Avini. 
      Chuvosa foi aquela noite. A chuva lavava o sangue de Gulivan do chão que escorria de seu corpo esmagado pela “pedra justa”. O grito de ira e pavor do duque de Heallmont ecoava pelas paredes do seu palácio. Nas ruas, o trotar de cascos dos cavalos dos soldados rompiam a calmaria. Sorel, em um cavalo negro, cavalgava calmamente cantarolando uma canção a muitas léguas dali.


Ficha de Sorel, o Ladino.
CON 12, FR 12, DEX 17, AGI 16, INT 19, WILL 18, CAR 16, PER 16. Ataques [2], IP 1 (por destreza), PV 24.
Perícias: Esquiva 25%, Etiqueta 20%, Disfarce 35%, Furtividade 45%, Escapismo 30%, Avaliação de Objetos 40%,Furtar 55%, Intimidação 25%, Montarias 35%, Rastreio 30%, Sobrevivência (Cidades Urbanas 40%), Armadilhas 30%. Besta 30/00, Espada curta 30/30, Adaga 20/20.
Aprimoramentos: Presença invisível; 2pts.
Inocência; 2pts. Sociedade secreta; 1pts.